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“Rebelião” talvez não seja um nome adequado para o que aconteceu na Casa de Custódia de Curitiba nos últimos cinco dias. As pessoas se rebelam contra injustiças – e presos podem muito bem ser vítimas de injustiça. O que aconteceu na cadeia foi um motim de criminosos, com uma cumplicidade vergonhosa do Estado.

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Os amotinados não estavam tomando a cadeia para reclamar da comida ruim, de problemas nas acomodações, nem porque já deveriam ter direito a progressão de regime. Viraram a cadeia porque fazem parte de facções criminosas: ou seja, não só foram presos por cometer crimes como são claramente reincidentes convictos.

A culpa desse tipo de motim é em grande parte do Estado e dos que querem transformar as cadeias em infernos, imaginando que assim se vingam de alguém. O governo tem culpa por aglomerar pessoas em condições inadequadas até para porcos.

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Os presos aderem às facções em primeiro lugar porque podem. O Estado tem tão pouco controle sobre o que fazem os custodiados que eles conseguem transitar livremente e cometer crimes na cara de todo mundo. Segundo, porque as condições são tão precárias que só essas facções garantem um mínimo de segurança e condições de vida ao preso (e à sua família).

As primeiras vítimas são os agentes penitenciários. Jogados nesse caos, só não viram reféns quando os presos não querem. Só não morrem porque os presos não querem. Um vídeo, jogado na rede irresponsavelmente por colegas de jornalismo, mostra os carcereiros com armas improvisadas no pescoço, no peito, machucados. Podiam ter morrido.

A própria entrada descarada de celulares nas cadeias, sem os quais, por exemplo, não haveria esse vídeo, é culpa da festa da uva que viraram os presídios. Todo mundo sabe que os presos têm telefones em TODA CADEIA brasileira.

Os governos do Paraná têm sido TODOS cúmplices dessa situação. Não criam vagas, ficam amontoando gente em celas tipo contêiner, deixam que facções comandem as cadeias. E expõem profissionais numa quantidade ridiculamente pequena aos caprichos dos presos.

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Cada cadeia é um pedacinho do inferno. E ao sair de lá, por ter terminado a pena ou por fugir, os presos pagam com a única moeda que aprenderam a respeitar em sua passagem pelo subterrâneo.