O reitor da Universidade Federal do Paraná, Ricardo Marcelo Fonseca, usou um texto de Dia dos Professores, publicado neste fim de semana nas redes sociais, para pedir que seus colegas insistam na defesa da pluralidade do meio acadêmico e para que ajudem a sociedade a denunciar a “cultura da barbárie”.
Em um texto longo, Ricardo Marcelo, originário do curso de Direito, afirma que o país vive “momentos de perigo para a Universidade brasileira” e que por isso mesmo é necessário cuida do valor “que nesses tempos mais está em questão: nossa liberdade”.
“Liberdade de subsistirmos (em tempos de arrocho orçamentário), liberdade de nos dirigirmos autonomamente (em tempos de mentalidades policialescas e moralistas), mas sobretudo falo da liberdade de expressarmos nosso pensamento, em toda a sua riqueza e sua pluralidade”, afirma o texto.
Segundo o reitor, o meio universitário tem visto surgirem modos “insidiosos” de colocar a liberdade nos meios universitários. “O movimento da escola sem partido, a retomada de um inquisitório ‘index’ de autores ‘perigosos’, com o consequente patrulhamento da circulação de certas ideias ou a relativização da dimensão laica do ensino e do conhecimento são apenas exemplos pontuais”, cita.
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De acordo com Ricardo Marcelo, porém, o “pior é que isso tudo geralmente tem sido acompanhado de uma campanha, dos mais diversos grupos, para detratar injustamente nosso espaço como sendo estritamente sectário, ineficiente e corrompido”.
Para o reitor, o remédio contra isso é uma incansável luta “pela manutenção de uma radical pluralidade no nosso ambiente, sobretudo em momentos de acirramento de posições como esse que vivemos. Temos que nesse ponto dar exemplo para a política e para a sociedade. Temos que ouvir respeitosamente a fala do dissenso. Sem isso, a Universidade perece e aquilo que temos de melhor se esvai”.
“Isso nada tem a ver com posicionamento ideológico à esquerda ou à direita ou com preferências políticas circunstanciais: tem a ver simplesmente com a preservação de um ambiente civilizacional e democrático em que a Universidade possa desenvolver o seu papel histórico”
Ao mesmo tempo, porém, segundo o professor “temos que nos posicionar e saber o que defendemos: um ambiente que respeite, valorize e cultive essa mesma liberdade; que contribua para uma cultura de cada vez mais direitos e de cidadania mais qualificada para todos/as; que vá, sem elitismo, em busca da efetivação da inclusão de parcelas histórica e socialmente vulneradas (como, por exemplo, as parcelas LGBTI, negros e negras, indígenas, quilombolas e mulheres); que jamais se coloque – na contramão do generoso legado que embala a razão de ser da Universidade – na direção do obscurantismo, do preconceito e da ignorância”.
“Isso nada tem a ver com posicionamento ideológico à esquerda ou à direita ou com preferências políticas circunstanciais: tem a ver simplesmente com a preservação de um ambiente civilizacional e democrático em que a Universidade possa desenvolver o seu papel histórico”, afirma.
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