O senador Roberto Requião tem repetido em todos os eventos de campanha a versão idílica sobre como funcionava a polícia militar em seu governo, com o projeto Povo. O peemedebista defende o policiamento comunitário, que era a base do programa. E nisso, como dizia a antiga pichação, Requião tem razão. Mas daí a dizer que as coisas funcionavam às mil maravilhas vai uma longa distância.
No relato requiânico, o sargento Péricles (a cada vez ele troca os nomes) encontra na rua, de madrugada, o João, filho da dona Maria. Como so conhece por ser fixo do bairro, não o confunde com bandido: chama-o para o carro, leva para casa e manda dona Maria dar-lhe um puxão de orelha por estar bebendo até aquela hora, ainda tão novo! Dá um abraço na dona Maria e volta ao policiamento.
Seria lindo se fosse assim. Na vida real, quero ver qual é o moleque de 15 anos que não se borraria de medo às duas da manhã ao cruzar com um carro da PM, seja ou não do sargento Péricles. Entrar no carro dele? E o abraço do PM na mãe, será que convence?
Não fosse o resto, é preciso lembrar que o projeto tinha outras falhas. Reportagem da Gazeta do Povo da época mostra, por exemplo, que os PMs sequer atendiam o telefone quando a população ligava. E essa deveria ser a base do projeto. Na sequência, outra matéria dizendo que a PM, para piorar, nem divulgava mais os telefones do sargento Péricles.
Agora, numa coisa ninguém discorda: que falta policiamento comunitário, falta. O governo Beto Richa também prometeu a mesma coisa: disse que Curitiba seria ainda neste mandato a primeira cidade do país a só ter policiamento comunitário. Como se viu, não estamos nem perto disso.
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