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O Réveillon fora de época em Curitiba parece ter dois propósitos básicos. Um é a festa em si. O outro, um crítica social ao “país que só funciona depois do carnaval”. O problema é que o evento falha terrivelmente nas duas pontas.

Começando pela crítica social. O que se viu em 2011, com milhares de pessoas reunidas na Praça Espanha, foi uma crítica de classe (o evento ocorre num tal “Batel Soho”) ao comportamento do brasileiro típico.

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Dizia-se que, por aqui, os dois primeiros meses do ano não valem nada. Neste ano, um “meme” criado pelos organizadores diz que “Março is the new janeiro”. Assim mesmo, meio em inglês, talvez justamente por achar que o idioma da rapaziada comum não é rico o suficiente para fazer a crítica ao país.

Não sei os participantes do evento. Este escriba está na lida desde o dia 2 de janeiro. E a maioria das pessoas que ele conhece nunca tiraram mais de 30 dias de férias.

Quem é que não trabalha antes do carnaval? Os políticos? Só se for isso. Mas a crítica, obviamente, neste caso, não é voltada a eles, e sim ao “brasileiro comum”.

E o próprio fato de as pessoas do evento se considerarem uma exceção a essa regras, como se eles estivessem em posição de criticar os demais (por trabalharem mais, talvez?) já é um pouco incômodo.

Do outro lado, a parte da festa. Além de ser feita em local inconveniente, sem estrutura, num local onde não há permissão para que se faça barulho depois de certa hora, o evento é absolutamente mal organizado.

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Pelo que se viu, os organizadores não se deram ao trabalho de pedir permissão a ninguém e deixaram que os outros que corram atrás. Que a prefeitura, o Ministério Público e a Guarda Municipal organizem a festa deles. Eles só querem é estar lá bem-vestidos e cheirosos, sem ter de se preocupar com esses detalhes.

Ou seja: criticam os outros por não trabalharem, mas na hora de fazerem de fato alguma coisa pelo bem comum (como arranjar segurança para evitar tumultos, como os que ocorreram no ano passado), deixe que a peãozada trabalhe.

Eles, a exceção, os diferenciados, têm mais o que fazer, não é?

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