Há duas frases que Beto Richa fala sempre, o tempo todo. A primeira é “Aprendi a fazer política com meu pai, José Richa”. A segunda varia na forma, mas diz que ele não tem “obsessão” por cargos, mandatos ou funções.
São frases bonitas, as duas. Uma mostra que ele honra a família. A outra, que ele é um cara altruísta. Boas qualidades. Pena que esse altruísmo não esteja se mostrando verdadeiro.
Ontem, pela segunda vez Richa atropelou um aliado em nome de sua vaidade. Para chegar ao governo do estado, o ex-prefeito está descumprindo acordos anteriores sem qualquer pudor.
Tinha um acordo com Osmar Dias, uma aliança. Na hora de decidir entre manter essa aliança ou sair candidato, preferiu a própria candidatura.
Ontem veio o caso de Fruet. Deputado federal mais votado do Paraná, Gustavo Fruet diz que só aceitou ser pré-candidato ao Senado porque tinha um convite do próprio Beto para isso.
Entre manter o acordo com Fruet ou fazer uma aliança com o PP de Ricardo Barros, porém, Richa preferiu Ricardo Barros. Só para dificultar a vida de Osmar Dias, que assim fica com cada vez menos aliados possíveis.
O pior, no entanto, é o pacto que Beto rompeu com o eleitor. Quando se elegeu prefeito de Curitiba, com 77% dos votos, disse que exerceria os quatro anos. Ficaria até o fim. De novo, não cumpriu.
Há um lema latino, que o ex-governador Requião gosta de citar, mas nem sempre de seguir, que diz o seguinte: Pacta sunt servanda. Ou: “Os acordos devem ser cumpridos”.
Beto está ignorando isso. Pagará o preço mais à frente, quando sua credibilidade começar a ser contestada e os aliados já não confiarem nos pactos que podem fazer com ele.