A denúncia contra o prefeito de Curitiba, Beto Richa, é bastante séria, apesar do que quer fazer parecer parte da imprensa local (volto a isso adiante). A suspeita de caixa 2 é sempre grave, por mais que o cinismo leve muita gente a dizer que isso é assim mesmo, que nem é o caso de se escandalizar.
Porque, se o pagamento por apoio é grave em si mesmo, leva a um problema ainda maior: o caixa 2, a contabilidade paralela. Claro: se houve compra de partido (e só a Justiça pode dizer isso, obviamente) isso não pode entrar na contabilidade oficial. Portanto, num caso desse, obviamente o dinheiro correria por fora. Tanto é que o tal comitê, dizem as matérias já publicadas, nem prestou contas de seus atos à Justiça Eleitoral.
Nesse caso, assim como na clássica investigação de Watergate, que derrubou o presidente norte-americano Richard Nixon, a dica é aquela básica: siga o dinheiro. No caso de Nixon, o dinheiro que pagou as atividades ilícitas, ficou provado, veio de gente ligada ao presidente. E Nixon dançou.
O dinheiro que pagou os ex-candidatos do PRTB veio de onde? Não há nenhum registro oficial. É preciso fazer provas disso. Por enquanto, há só especulações.
A prefeitura sabia do que se fazia? Essa resposta pode estar, igualmente, na origem do dinheiro. Como tudo é pago em dinheiro vivo (sem cheques, como manda a legislação eleitoral) a investigação fica mais difícil. Mas esse é o ponto, sem dúvida alguma.