O governador Beto Richa se elegeu com o discurso da eficiência. Do choque de gestão. Fecharia as torneiras do desperdício e faria “mais com menos”. Basicamente, transformaria o elefante branco do Estado em algo semelhante a uma empresa com ISO 9000. O relatório do Tribunal de Contas mostra que não é bem isso que está acontecendo.
De um lado, como revelou reportagem de Guilherme Voitch nesta Gazeta no domingo, só cinco instituições cumpriram as metas de gestão contratadas com o governador – uma cópia do sistema adotado por Aécio Neves, guru maior de Richa.
Há casos escandalosos, como o da Secretaria de Segurança, que teria cumprido pouco mais de 8% das metas. Richa, nesse caso, pode afirmar que demitiu o titular (verdade), mas ainda terá de comprovar que a substituição trouxe melhoras para a eficiência das polícias (difícil acreditar dado o noticiário atual sobre propinas e tortura).
A desculpa dada oficialmente plo governo veio pela boca de Reinhold Stephanes, outro que Richa pode alegar que chamou para dar um jeito na equipe que não estava funcionando. Stephanes disse que o controle dos contratos de gestão era feito de forma “amadora” (a palavra é dele mesmo) e que basicamente ele teve de forçar o pessoal a fazer um relatório em 2012, quando assumiu. Às pressas, só para ter o que mostrar para o Tribunal de Contas.
Se for assim, o governo do estado tem de explicar algumas coisas importantes:
1- O que fazia a equipe especialmente criada para gerir contratos de gestão?
2- Se não servia para nada, como a equipe foi mantida por um governo que justamente prima pela eficiência.
3- Se a culpa era do antigo secretário da Casa Civil, Luiz Eduardo Sebastiani, por que ele continua no governo?
4- Se a culpa não era dele, de quem era?
5- O governador não cobrava os contratos de gestão?
6- Mas Richa não disse que estaria de olho neles até para demitir quem descumprisse as metas?
7- Se estava tudo tão fora de controle assim, porque Richa demorou dois anos e meio para perceber e trocar o chefe da Casa Civil?
O que está em debate é a capacidade gerencial de Richa. Ou as metas foram descumpridas ou o relatório produzido pelo governo dele foi mesmo feito nas coxas, mesmo sendo algo em que ele parecia apostar pessoalmente. Fica a dúvida.
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