Esqueça a crise financeira do estado. Por um momento, deixe de pensar se isso é ou não culpa do governo do estado. Ou, até mais: finja que está claro que o governo não tem qualquer culpa na falta de dinheiro que assola o erário.
Mesmo assim, a situação é vexatória para o governo. Por mais de um motivo. Um deles – e não o menor – é o fato de o Executivo ter decidido, mais uma vez, aprovar seus projetos (com impactos duros para todo o funcionalismo) sem qualquer discussão, no velho estilo do rolo compressor.
Igualmente constrangedor é o sumiço do governador. Supostamente despachando no Chapéu Pensador durante um momento grave do estado, ele não dá entrevistas basicamente desde que assumiu o segundo mandato. Tem ativamente fugido da imprensa – e, agora, da população em geral ao se refugiar em um bosque inacessível da Copel.
Richa também levou seu secretariado a situações constrangedoras – como a entrevista do chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, na RPC, em que ele acabou se atrapalhando e, num ato falho, dizendo que o governo agia sem transparência.
Criou principalmente uma situação embaraçosa para os deputados. Acossados em suas bases, cercados por manifestantes, com o plenário ocupado, ouvindo gritos de guerra, tendo de se camuflar de “civis” para escapar do prédio da Assembleia, eles se refugiaram numa salinha ontem com medo de apanhar.
Hoje, tiveram de encerrar a sessão sem que ninguém soubesse, numa manobra para evitar os holofotes. E, agora, fazem uma sessão – histórica, pelo ponto baixo que representa para o Legislativo local – em um refeitório. Sem transmissão pela tevê, com limite para entrada da imprensa (que recebeu instruções de “não se mexer muito”), sem a presença da oposição e, principalmente, sem deixar que a população entre. Por medo.
É evidente, pela reação popular, que o povo não quer as medidas. O governo quer forçá-las goela abaixo, de qualquer jeito. Talvez consiga. Talvez isso realmente melhore as finanças do estado. Mas é uma pena, uma pena enorme, que tudo esteja acontecendo desse jeito.
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