A belíssima reportagem de André Gonçalves na Gazeta desta segunda mostra um dado importante para a discussão do aumento de impostos no Paraná: o estado, revelam os números, teve o maior desempenho no aumento de receita corrente líquida entre as 27 unidades da federação.
O que isso quer dizer? Que antes, sem aumento de impostos, dava-se conta de pagar todo o necessário. Hoje, sem o aumento de impostos, a arrecadação subiu acima da média. E não se dá conta de pagar tudo. E alega-se a necessidade de cancelar isenções tributárias até mesmo sobre itens da cesta básica.
O problema das finanças dos estados (e do país, e dos municípios, e de cada um de nós) tem a ver, claro com a economia mundial. Ninguém é uma ilha etc. Mas o fato é que, excetuando um período breve nos últimos meses, as finanças do estado não teriam por que ter entrado em crise.
Tudo indica que o que houve foi mesmo um descontrole nos gastos, contrariando todo o discurso de campanha de Beto Richa de fazer “mais com menos”. Fez-se algo mais, claro: por exemplo, instalando a Defensoria Pública e com alguns investimentos pontuais. Mas a conta não teria porque ser salgada a esse ponto, de termos de vender o almoço para pagar o jantar.
É claro que sempre é bom ter mais receita, nenhum governante discordaria. Mas para quem se elegeu com uma proposta de gestão eficiente, o atual governador teria a obrigação de, antes de mais nada, cortar custos. De verdade, não só eliminando uns poucos cargos de secretarias pequenas. Cortando benesses, diminuindo gastos desnecessários, ajustando as estatais.
Além disso, se o problema é a economia em baixa, o que se recomenda normalmente na teoria é que se apliquem medidas anticíclicas. Ou seja: no caso de recessão (ou perto disso), para estimular a economia é preciso baixar impostos, e não o contrário…