Nos últimos dias houve vários casos em que as autoridades da área de segurança pública foram acusadas de truculência em Curitiba. É claro que é preciso analisar caso a caso, em profundidade, para saber até onde houve abuso – e para determinar as responsabilidades. Mas quando começa a haver muita fumaça, é papel nosso tentar descobrir onde está o fogo.
Vejamos alguns dos casos. Num deles, dezenas de pessoas que estavam na Rua São Francisco, à noite, aproveitando para conversar no calor do verão, tiveram de sair correndo depois que balas de borracha foram inadvertidamente disparadas pela Polícia Militar. Teria havido bombas também.
Aparentemente, o que aconteceu foi que a polícia estava atrás de um suspeito de roubar carros. Achou e atirou nele com bala de borracha. A população, indignada (depois diriam que ele teria sido baleado já caído no chão) reagiu ao que considerou truculência. E a resposta foi mais truculência. “A equipe utilizou técnicas para distúrbios civis incontroláveis”, afirmou a assessora da PM ao repórter Cristiano Castilhos.
Isso foi no dia 11. No dia 17, a Guarda Municipal é que foi acusada de truculência. Teria chegado a uma “batalha de rappers” no Muma, no Portão, arrepiando. Há filmagens da cena, com os rappers que duelavam (verbalmente, na paz) tendo de correr e se proteger dos guardas.
Nesta segunda, uma outra imagem curiosa, que ilustra este post, começou a correr nas redes sociais. Era a foto de um policial que, ao ver um sujeito nu andando pela região do Largo da Ordem, sacou logo a arma e apontou para o indivíduo. O comentário de todo mundo que via a foto, feita por Julio Garrido, era basicamente o mesmo: qual o perigo iminente que o cidadão nu trazia? De onde sacaria uma arma?
Por uma coincidência, nenhum desses casos ocorreu em ambientes fechados nem nos “guetos” da periferia em que as coisas costumam ser brutas – mas em que normalmente são menos visíveis. Aconteceram em lugares públicos e em bairros em que a população, talvez menos acostumada a essa violência policial, ainda grita e esperneia. E, principalmente, é ouvida.
Alguma coisa precisa ser feita. Mas não só sobre os casos específicos. Eles são meramente um sintoma do despreparo de policiais e guardas. E se não forem coibidos nem quando são vistos e viram notícia, a impressão que se passará é de que as “autoridades” têm todo o respaldo para agir com violência. Imagine quando não houver lentes por perto.
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