Sempre que se falava sobre a decisão de Beto Richa de deixar ou não o governo para ser candidato alguém lembrava da necessidade de foro especial. Quando questionado, claro, o governador desdenhava: isso nem lhe passava pela cabeça.
Agora, a água bateu na cintura. Ao sair do governo, Beto trocou temporariamente o foro por Moro. Não quer dizer que vá ser condenado, mas o mero processo aliado ao nome do juiz que virou símbolo de combate à corrupção pode lhe causar problemas. E, claro, Moro já mostrou que não pensa duas vezes antes de condenar gente poderosa.
A eleição passou a ser para Beto uma questão de se livrar de Moro – e sabe-se lá de qual possível pena (lembrando, senhores e senhoras advogados do governador: ninguém está aqui dizendo que ele é culpado). Se retornar a Brasília, será julgado no STF, sempre mais lento e em geral menos rigoroso.
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Outro problema para Richa é o fato de ser o primeiro grão-tucano a cair nas mãos de Moro. O país inteiro estará de olho no processo, já que muita gente acusa a Lava Jato curitibana de pegar leve com quem não era ligado ao petismo. (Relembre aqui as delações contra Beto.)
Por um lado, Beto pode ficar só oito meses nas mãos de Moro. Isso provavelmente não seria suficiente para terminar o processo. Mas esses oito meses ficam bem no período eleitoral. E só se um adversário for muito tolo para não usar isso na campanha.
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