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Se ele não tivesse uma arma, ela estaria viva: e ele estaria livre

O crime que matou uma adolescente de 14 anos em Paranaguá é fruto da irresponsabilidade de um cidadão que, sabe-se lá com que impulso animal, pegou uma arma para resolver uma briga de trânsito. Diz que atirou para cima. É mentira. Acertou na cabeça de uma garota que não tinha feito absolutamente nada de errado. E que agora está morta.

Mas a culpa não é só do infeliz que fez isso. Ele vai responder diante de um júri. Imagina-se que vá passar boa parte da vida preso por isso. Imagina-se que dificilmente alguém terá dificuldade em condenar alguém que fez o que ele fez: votar fora a vida de uma criança em nome sabe-se lá de que mostra de virilidade, de que pensamento bárbaro que passa por uma cabeça dessas.

Mas a culpa também é de toda uma indústria que fornece a matéria-prima desse sofrimento. E dos senhores e senhoras que, no Congresso Nacional, se dobram a argumentos pífios em nome de dinheiro ou de votos – abusando do medo que a população tem e abusando da ingenuidade de quem acredita nesses argumentos.

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Qualquer estudo sério mostra que para cada caso em que alguém revida com sucesso, armado, a um assalto ou outro crime, centenas de mortes desnecessárias como a da menina de Paranaguá ocorrem. Gente baleada em brigas de trânsito. Mulheres assassinadas pelo marido. Armas que param na mão de assaltantes.

Coincidentemente, na mesma semana em que Paranaguá viu a menina Isa morrer assim, à toa, o mundo chorou 17 vítimas de mais um massacre a bala nos Estados Unidos. Um sujeito que comprou uma arma que obviamente não era para fins de defesa, um AR-15, e que tirou a vida de mais de uma dúzia de adolescentes.

É um crime defender o armamento da população. Todo mundo sabe disso. Mas tem gente que gosta de ver sangue. E gosta de mentir.

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