A história de que Beto Richa perdoa o “pecador mas não o pecado” foi um jeito de o governador manter a seu lado um dos mais fiéis companheiros desde os tempos de Assembleia Legislativa: Ezequias Moreira.
Ezequias tem o seguinte problema: mantinha a sogra no gabinete de Richa no Legislativo, sem trabalhar. Recebia o dinheiro. Não sou eu quem está dizendo. A sogra dele, Veronica Durau, admitiu o esquema. A Justiça condenou. Ezequias não recorreu e até devolveu o dinheiro, depois de ser pego com a mão no jarro.
Beto jura que não sabia de nada. Ok: é estranho. No governo do estado, não saber de algo é mais plausível. São milhares de funcionários espalhados por um território do tamanho de vários países. Na Assembleia, cada gabinete tem uma dúzia de pessoas, num espaço pouco maior do que o de uma casa da Cohapar.
Esqueçamos o fato de que Richa deveria ter descoberto o esquema antes da imprensa, antes da Justiça, antes de quem estava fora de seu gabinete. Manter Ezequias com cargos públicos depois disso é o que pega realmente mal.
Ezequias, porém, ganhou uma vaguinha no gabinete de João Claudio Derosso em 2008. Depois, quando Richa virou governador, levou-o para a Sanepar. Justo na diretoria de Relações com os Investidores. Pois é.
Agora, dizem que na reforma do secretariado, Ezequias será alçado a píncaros ainda mais altos e inusitados, conforme mostra a reportagem desta terça de Euclides Lucas Garcia, esse grande repórter, na Gazeta do Povo.
A conversa de que Ezequias já pagou sua dívida não pode colar. Ele devolveu o dinheiro. Ótimo. Mas responde a ação penal por isso, ainda em curso. Merecer o direito da dúvida é uma coisa. Promovê-lo depois de tudo o que ocorreu é um absurdo, um incentivo à bandalheira.
Richa tem a obrigação de não nomeá-lo para cargo algum no secretariado enquanto o julgamento não ocorrer. Desrespeitar essa regra básica de convivência é desrespeitar o eleitorado todo do Paraná.
O PSDB tem batido, com razão, no PT pelo tratamento que vem dando aos mensaleiros. Ezequias devolveu o dinheiro de um mensalinho que saía do gabinete de Richa na Assembleia e que lhe rendeu meio milhão de reais. Parece pouco? João Paulo Cunha foi condenado por um terço desse dinheiro.
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