O governo de Beto Richa (PSDB) começou a semana com uma base de 48 deputados estaduais. Não era apenas uma maioria: era uma maioria avassaladora. Só 6 dos 54 parlamentares estavam na oposição formal. Aprovar qualquer coisa (repita-se: qualquer coisa) parecia uma barbada. Não mais.
A pressão dos professores, da população em geral, afetada pela greve, o noticiário amplamente desfavorável levou a base a encolher rapidamente. Na sessão da terça-feira, já houve 13 defecções. O governo aprovou o requerimento de comissão geral por 34 a 19. Isso foi antes da ocupação do plenário.
Nesta quarta, sem qualquer votação importante em pauta, já que o requerimento de comissão geral e os projetos do pacotaço só voltam à ordem do dia na quinta, houve mais uma deserção. Palozi, do PSC, afirmou que do jeito que as coisas estão, “não tem condições” de votar a favor do governo.
A margem de manobra do governo encolheu visivelmente. Para aprovar o pacote, precisa de 27 votos, no mínimo. com 33, tem apenas seis deputados a mais do que o necessário. A partir de agora, cada um que faltar, que mudar de lado, fará falta.
E, sabendo disso, é de se imaginar que o poder de barganha de quem segue no barco aumenta rapidamente. Sob o risco de mais baixas na base, o governo poderá ter de ceder cada vez mais. E a vitória no plenário, caso venha, poderá ter alto custo político para Richa.
Na Grécia antiga, o general Pirro, após vencer os persas, disse que se tivesse mais uma vitória como aquela, cheia de baixas e sofrimento, estaria perdido. Pode ser esse também o destino do atual governo do Paraná.