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Secretário de Fruet quer radar sinalizado: é a velha política de avisar os infratores

Valterci Santos/Arquivo/Gazeta do Povo

Joel Krüger, o novo secretário de Trânsito de Curitiba, deu suas primeiras entrevistas afirmando que vai dar prioridade ao pedestre; que vai abrir mais espaço para bicicletas; que vai dar atenção ao transporte coletivo. Todas boas notícias nessa capital do carro em que Curitiba se transformou nos anos Beto Richa.

Mas disse também que vai fazer uma varredura nos radares da cidade. Que quer medir se cada radar realmente diminuiu os acidentes no ponto em que foi instalado. Afirmou ao excelente Alvaro Borba, da CBN, por exemplo, que vai ver com isso se o radar realmente estava ali para reduzir acidentes.

O entrevistador perguntou: “Mas, vem cá, se não fosse para isso, para que seria?” E Krüger disse apenas que era uma boa pergunta. E que vai ainda manter a sinalização (deixou subentendido) porque o radar não deve estar escondido atrás da árvore.

O blog discorda, com toda a vênia, do doutor Krüger. Radar deveria estar em todo lugar. Não sendo possível, como não é, de fato, não tem nada de estar sinalizado. Se puder ser invisível, melhor. Nunca vi tanto dedo com infratores como se tem com os transgressores das leis de trânsito.

É fácil de entender: o policial que quer descobrir o crime muitas vezes não pode ir fardado, ou com a sirene ligada. Ou, por outra: anunciar o radar é como dizer: aqui tem PM, não roube. Roube na quadra ao lado.

Mas por que todos esses dedos? Não entendo esse discurso de que é preciso educar, e não punir, quando o sujeito infringe a lei de trânsito. Se fosse assim, quando o sujeito furtasse a carteira do outro seria primeiro preciso avisar-lhe de que havia um guarda de olho; se ele insistisse mesmo assim no furto, o PM tiraria dele a carteira e daria um tapa na mão, para educar-lhe.

A diferença, claro, é que quem furta carteiras são pobres, em geral (os ricos roubam de outro jeito). E aos pobres não resta a chance de serem “educados”. A infração de trânsito é comum entre os que mais podem. E puni-los tantas vezes quanto infringem a lei causaria uma revolta.

E uma revolta dos infratores de trânsito (que sabemos, são muitos) seria uma revolta de gente que sabe se fazer ouvir.

Portanto, avisem onde tem radar. Não ponham radares demais. E, quando o sujeito for pego passando acima da velocidade, ponha-se a culpa na indústria da multa.

Ora, a indústria da multa só existe para os infratores. O resto é conversa.

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