O fato de o novo secretário de Segurança Pública ser, pela primeira vez em muito tempo, alguém ligado à Polícia Civil, pode ser uma boa notícia. Porque Júlio Reis deve saber de perto o drama que seus colegas enfrentam nas delegacias do estado.
Hoje, o Paraná vive uma crise carcerária que vitima todas as partes envolvidas. O estado tem o recorde nacional de presos em delegacias: são nove mil pessoas.
Os presos, muitas vezes ainda esperando julgamento e acusados de crimes leves, ficam em jaulas imundas e superlotadas; os policiais são impedidos de sair às ruas para investigar, para ficar cuidando de presos; e o cidadão que está na rua está pagando por esse absurdo que acaba estourando na sua mão mais tarde, quando o preso sai pior do que entrou.
Júlio Reis fez o mínimo ao falar pela primeira vez como secretário – admitiu o problema. Mas ele, sozinho, não terá como fazer muita coisa. Porque o principal talvez seja a construção dos presídios. Beto Richa anunciou 14 e nunca terminou sequer o primeiro.
Mas há muito que pode ser feito internamente. Por exemplo: cuidar para que as audiências de custódia sejam feitas, para que presos não fiquem na cadeia à toa; cuidar para que o princípio da bagatela seja atendido: ou seja, não manter preso o sujeito que furtou um pote de margarina; e fazer o possível para dar progressão de regime a quem tem direito.
O que não se pode mais é admitir que a situação persista e que cada governo continue pondo a culpa nos antecessores, na esfera federal ou nas estrelas.
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