Caso se confirme a denúncia de Marcelo Odebrecht de que o ex-presidente Lula recebeu R$ 13 milhões entre 2012 e 2013, há um detalhe cronológico curioso na história. Esse foi exatamente o período em que o PT estava sendo julgado no Supremo Tribunal Federal pelo caso do mensalão.
Rememorando: o escândalo do mensalão estourou em 2005. E foi a primeira grande denúncia de corrupção do governo petista, ainda na primeira gestão de Lula. Mas o caso só chegou a ser julgado sete anos depois, já no primeiro mandato de Dilma Rousseff.
É improvável que o pagamento, caso tenha existido, tenha relação direta com o julgamento. Mas mostraria sem sombra de dúvida que o petismo não tinha aprendido nada com o escândalo inicial e que continuava com as mesmíssimas práticas mesmo durante o julgamento que levou seus primeiros magnatas para a cadeia.
O pagamento, caso tenha de fato ocorrido – e aqui é preciso lembrar que por enquanto só o que se tem é uma denúncia de um empresário preso e que assinou acordo de delação premiada – revelaria além de tudo um primarismo tremendo do partido: quem poderia imaginar o líder máximo da legenda, o ex-presidente da República fazendo pessoalmente esse tipo de negociação?
O PT, no mínimo, deveria ter se preocupado em blindar seus líderes. Na época, em 2012, já tinha ficado claro que mesmo sem participação direta no esquema, líderes como José Dirceu e José Genoino estavam sendo presos, com base na teoria de que não podiam deixar de saber daquilo.
Se Lula recebeu mesmo o dinheiro pessoalmente, além de ter praticado corrupção agiu como um tolo quando o país todo estava de olho da ética dele e de seu partido.
Siga o blog no Twitter.
Curta a página do Caixa Zero no Facebook.