Os números divulgados pelo Ibope nesta terça-feira deixam claro que o segundo turno entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), caso venha a se confirmar, será um embate entre a elite do país (somada às classes médias) contra os mais pobres.
Ao contrário do que se poderia imaginar, o candidato da direita não é o representante de gente que vive acuada pela violência em áreas mais pobres, nem é o candidato favorito de quem pouco estudo e tem dificuldades para perceber que suas propostas são antidemocráticas.
Os números do Ibope, pelo contrário, mostram que o eleitor de Bolsonaro sabe muito bem o que está fazendo: que quer se proteger do petismo e que topa a truculência se esse for o preço para evitar a volta de um governo de esquerda ou de centro-esquerda ao poder.
Os números
O eleitor típico de Bolsonaro, segundo mostram os dados detalhados revelados nesta terça, é mais branco (35%) do que negro (24%) e ganha mais de cinco salários mínimos (absurdos 41% que quase o elegeriam no primeiro turno, se dependesse apenas dessa classe).
O bolsonarista típico é homem: o candidato tem 36% entre o sexo masculino e pouco mais da metade disso (20%) entre as mulheres. Não é balela a história das “Mulheres contra Bolsonaro” – e, sim, elas podem realmente fazer a diferença na eleição.
Leia mais: Candidatos jogam foram santinhos em que apareciam com Beto Richa
O eleitor de Bolsonaro é mais evangélico (36%) a (25%) e mora nas regiões Sul e Sudeste. No Nordeste, Bolsonaro perde de Fernando Haddad por 31 a 16 (Ciro gomes aparece com 17%).
Exceto pela maioria evangélica, é o típico perfil da elite (infelizmente, não há dados separando mais a classe econômica, para ver se os eleitores ricos e super-ricos se diferenciam da classe média alta).
Já o eleitorado de Haddad herda o perfil do lulismo. E tem características exatamente opostas ao cidadão que escolheu Bolsonaro para salvá-lo do petismo.
DESEJOS PARA O BRASIL: Democracia aprofundada
No eleitor que tem renda inferior a um salário mínimo, Haddad já disparou e tem mais do dobro das intenções de Bolsonaro. São 27% contra 12%. Entre os negros, o petista já empata tecnicamente com Bolsonaro, com 22% dos votos (Bolsonaro tem 24%).
E se entre os homens Haddad perde exatamente com a metade dos votos (36% a 18%), entre as mulheres a diferença é quase inexistente (Bolsonaro tem 20%, contra 29% de Haddad).
Metodologia
Pesquisa realizada pelo Ibope de 16/set a 18/set/2018 com 2.506 entrevistados (Brasil). Contratada por: REDE GLOBO E O ESTADO DE SÃO PAULO. Registro no TSE: BR-09678/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%. *Não sabe / Não respondeu
-
Discurso populista é o último refúgio para Lula recuperar popularidade
-
Reforma tributária pressiona motoristas e entregadores de aplicativos para formalização no MEI
-
Nova renegociação de dívidas estaduais só é boa para gastadores e estatizantes
-
Consolidação da direita em Santa Catarina atrai jovens que fortalecem os partidos
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS