Euclides Lucas Garcia
O dia D para a política paranaense em 2018 não é 7 de outubro, no 1.º turno da eleição. A data mais importante, na verdade, é 7 de abril, prazo para que o governador Beto Richa (PSDB) renuncie e possa se candidatar ao Senado. Para que isso ocorra, porém, o tucano aguarda um entendimento entre a vice Cida Borghetti (PP) e o deputado estadual Ratinho Jr. (PSD). Em outras palavras, um dos dois terá de abrir mão de disputar o governo do estado para manter os aliados do tucano unidos. “Sem acordo, ele não renuncia”, resume um parlamentar governista na Assembleia Legislativa. Por ora, no entanto, nenhum deles parece disposto a ceder.
Com dois pré-candidatos dentro do Palácio Iguaçu, Richa teme uma divisão no conjunto de partidos que o acompanha praticamente desde a primeira eleição para prefeito de Curitiba, em 2004. Os possíveis reflexos negativos desse racha recairiam sobre o próprio governo, sob o qual ele não teria mais controle em caso de renúncia. E também sobre a candidatura do tucano ao Senado, que teria de enfrentar pelo menos mais dois concorrentes na briga para chegar ao Congresso.
Exatamente por isso, na semana passada, o governador mandou um recado por meio do presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB). “Formamos um grupo político que venceu várias eleições. Tanto a Cida quanto o Ratinho fazem parte desse grupo. O sonho do governador é juntar esses nomes, formar uma chapa com integrantes da base aliada. Se houver esse entendimento, pode haver a renúncia e veremos o governador disputando uma vaga no Senado. Mas sem esse acordo, o Beto pode se manter no governo”, disse, em entrevista a uma rádio do interior.
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A declaração não caiu bem, forçando Richa a dizer aos aliados que apenas ele fala por si próprio. A verdade, no entanto, não é bem essa. Políticos próximos ao tucano garantem que a mensagem externada por Traiano foi proposital e teria como principal alvo Ricardo Barros (PP), marido de Cida. O grupo do governador está irritado com a “voracidade” com que o ministro da Saúde tem tentado cooptar partidos para a eleição oferecendo benesses do ministério e num eventual governo Cida, a partir de abril.
“O jogo do Ricardo está muito pesado. Ele é muito habilidoso, mas foi com muita sede ao pote e se precipitou. Isso acendeu as luzes vermelhas no Palácio”, revela um deputado estadual. Tanto é assim que, na semana passada, PSDB, DEM, PSB, PR e PTB divulgaram uma carta afirmando que apoiam qualquer decisão que o tucano tomar até 7 de abril e que somente ele constrói alianças em nome do grupo.
“A prioridade do governador é a sucessão. Não é trucada [exigir um entendimento entre Cida e Ratinho]. Ele não quer correr riscos. Sem acordo, não deixa o governo”, afirma outro parlamentar.
Mais divisões?
Não bastassem os problemas que já tem entre dois pré-candidatos aliados, Richa vê surgir o risco de perder o apoio de um dos principais partidos que dão sustentação ao governo dele. O PSB nacional abriu conversas para tentar filiar o ex-senador Osmar Dias (PDT), que tem mantido um discurso de críticas à gestão do tucano e vem se fortalecendo como nome da oposição no pleito de outubro.
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Em âmbito estadual, no entanto, o PSB não só assinou a carta dando carta branca a Richa para negociar alianças em nome do partido como detém talvez dois dos deputados mais importantes da base do tucano na Assembleia: Luiz Claudio Romanelli, líder do governo na Casa, e Alexandre Curi.
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