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Sem Supremo, sem nada

Nos últimos dias, a imprensa brasileira descobriu, espantada, que a família Bolsonaro tem arroubos antidemocráticos. Quem diria? Os 28 anos de ataque à democracia no Congresso, afinal, eram para valer, então? O candidato não teve mesmo aquele estalo de Vieira que todos imaginavam possível?

O filho de Bolsonaro falou em fechar o STF – usando sabe o quê? As Forças Armadas. E o que o Judiciário descobriu? Que o clã não respeita as instituições. Como se eles não viessem desrespeitando as instituições há quatro décadas.

De repente, o militar que começou a vida pública com um plano de explodir bombas em quartéis para pedir aumento de salário – vejam só – era mesmo um sujeito capaz de usar qualquer método para conseguir o que quer. Ninguém imaginava…

Aí, falando para uma plateia gigantesca na Avenida Paulista, Bolsonaro diz que os seus adversários políticos vão ter que se enquadrar ou sair do país. Ame-o ou deixe-o. E subitamente alguém achou estranho que o candidato considerado radical por Geisel falasse uma coisa dessas.

Num vídeo recente, o capitão da reserva diz que os direitos humanos vão ficar com recurso zero em um possível governo seu. Mas como assim? Então ele estava falando sério quando falou mal de negros, mulheres, gays? Estava falando sério quando disse que as minorias teriam de se curvar à maioria?

Uma repórter descobre que a campanha do capitão se baseia em caixa dois para propagar mentiras pela Internet. Os bolsonaristas a ameaçam, ameaçam o jornal e – surpresa: descobre-se que eles são contra a existência de uma imprensa livre.

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É patético ver o falso espanto das pessoas que se dizem democráticas a cada vez que o verniz da máscara dos Bolsonaro cai e eles são pegos sendo exatamente o que são. Uma milícia armada que quer tomar o poder para se livrar de seus adversários, forçar sua permanência no poder nem que seja à força e impor sua ideologia.

É triste ver as pessoas que são contra a “doutrinação” nas escolas querendo a eleição de alguém que insiste em colocar o Criacionismo nas escolas, mesmo depois de o STF dizer que isso é inconstitucional. Mas, afinal, não vai mais haver Supremo, não é?

Sempre se criticou muito Michel Temer pelo Plano Jucá. Aquele, com Supremo, com tudo. Agora a coisa vai ficar muito pior. Vai ser só Bolsonaro, seus áulicos e os militares. Sem oposição, sem imprensa, sem controle. Sem Supremo, sem nada.

O nome disso? Surpresa: é ditadura.

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