Como sempre faz, Sergio Moro aproveitou seu despacho acatando a denúncia contra Lula para dar uma “entrevista” sobre todos os temas polêmicos que envolvem o caso. Como não fala com a imprensa, o juiz costuma usar suas declarações “nos autos” para responder às coisas que lhe incomodam.
Já de cara, Moro diz saber que o fato de Lula virar réu vai dar pano para manga. Essa é a tradução em português para que ele escreveu em juridiquês castiço: a denúncia pode “dar azo a celeumas de toda a espécie”. O juiz também fez questão de dizer que começar o processo (o que se faz agora) não significa considerar ninguém culpado.
No seu texto, de 15 páginas (como sempre, produzido rapidamente), Moro responde a várias acusações feitas nos últimos dias ao trabalho dos procuradores. Por exemplo, sobre a acusação de que o MPF chama Lula de “comandante” do esquema, mas não o acusa de formação de quadrilha. Ou à acusação de que o Mensalão e o Petrolão, no caso de Lula, não são tema para a Justiça de Curitiba, e sim para o MPF.
Leia mais:
Moro acata denúncia e Lula vira réu na Lava Jato
Entenda a denúncia da Lava Jato contra Lula
No caso da formação de quadrilha, Moro diz que os procuradores não podiam ter incluído a acusação porque isso envolveria outras pessoas, algumas delas inclusive com prerrogativa de foro. E, portanto, o MP estaria excedendo as suas atribuições. O caso, diz ele, já está em Brasília.
Quanto ao fato de Deltan Dallagnol e sua turma terem passado longas páginas falando do Mensalão e do Petrolão, acusando Lula de chefe de quadrilha, quando o que lhes caberia era apenas analisar as denúncias de que a OAS o beneficiou com o tríplex e a guarda dos objetos, Moro também fecha com os promotores. O contexto, diz, era importante para entender os benefícios dados a Lula.
Moro não diz que os procuradores têm razão. Em certo momento, diz que as provas juntadas ao processo são “contestáveis”. Mas afirma que abrir o processo é uma oportunidade inclusive para que o réu se defenda. E tenta se livrar (provavelmente, sem sucesso, das polêmicas).
“[As] celeumas, porém, ocorrem fora do processo. Dentro, o que se espera é observância estrita do devido processo legal, independentemente do cargo outrora ocupado pelo acusado.
É durante o trâmite da ação penal que o ex-Presidente poderá exercer livremente a sua defesa, assim como será durante ele que caberá à acusação produzir a prova acima de qualquer dúvida razoável de suas alegações caso pretenda a condenação.”
Siga o blog no Twitter.
Curta a página do Caixa Zero no Facebook.
Eleição sem Lula ou Bolsonaro deve fortalecer partidos do Centrão em 2026
Saiba quais são as cinco crises internacionais que Lula pode causar na presidência do Brics
Elon Musk está criando uma cidade própria para abrigar seus funcionários no Texas
CEO da moda acusado de tráfico sexual expõe a decadência da elite americana
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS