Imaginar que manifestantes que lutam por seus direitos serão sempre passivos é exigir demais da paciência humana. Nem todo mundo é Gandhi e, mesmo em uma democracia,há espaço para protestos que não sejam cem por cento bem comportados.
Invadir um plenário para postergar uma votação que é vista como problemática está bem no limite do que se pode sustentar dentro de uma democracia. Muita gente não aceitaria nem isso. mas pode-se imaginar que numa democracia representativa falha como a nossa, em que o poder econômico avassaladoramente maior de certas camadas sociais prevalece quando não se faz ouvir uma voz diferente (ainda que á força) isso poderia ser permissível.
Mas há limites para tudo. Uma coisa é ocupar um plenário se expondo a levar, em nome da causa, pancadas da polícia. Outra coisa bem diferente é achar que em nome do teu propósito você pode atirar pedras nos outros. E não qualquer pedra: nesta segunda um PM terminou com maxilar e zigoma estraçalhados pelos manifestantes. O sujeito vai passar por cirurgia. Imagine a dor de um zigoma fraturado.
Um policial é um trabalhador. Você pode não gostar da profissão que ele escolheu. Mas pense nesse caso. Foi um soldado. O sujeito nem oficial é. Provavelmente tem um salário mais mirrado do que a maioria dos manifestantes que estavam ali lutando por sua carreira e sua aposentadoria.
É preciso criticar duramente a prefeitura. Rafael Greca enganou a população com um discurso falso sobre como governaria. Apesar das tais dezenas de reuniões, em nenhum momento o prefeito abriu mão do principal: pegar os R$ 600 milhões; suspender os planos de carreira; cobrar mais ITBI; cobrar mais previdência. O diálogo foi uma conversa de surdos e o prefeito só fingiu agir democraticamente: no fundo, queria tudo do jeito que ele decidiu e pronto – quem estivesse no caminho precisava ser parado.
Mas isso não autoriza ninguém a sair quebrando ossos alheios, muito menos de quem tão pouco a ver com a história e com o próprio Rafael Greca. Os sindicatos em vários momentos do processo se mostraram tão autoritários quanto a prefeitura de Curitiba e sua Câmara (o possessivo não é aleatório). E hoje chegaram a um novo cume em sua escalada de agressividade.
Balas de borracha
Para que não se critique a violência apenas de um lado: a PM paranaense parece não conseguir conter protestos, mesmo com contingente enormes de militares, sem ferir as pessoas. Pelo menos duas pessoas saíram do protesto desta segunda com balas de borracha dentro do corpo, como mostra a foto abaixo, de um guarda municipal atingido por munição não-letal.
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