O Datafolha desta quinta-feira diz basicamente que, caso não aconteça um fato novo de grande relevância, Jair Bolsonaro (PSL) está eleito para a Presidência do Brasil. Não são só os 59% de votos válidos – são os 54% de rejeição de Fernando Haddad (PT), seu adversário.
O PT tem se mostrado absolutamente incapaz de reduzir essa rejeição. Mesmo Haddad não estando implicado em escândalos, não tendo aparecido na Lava Jato, nem sendo dos mais radicais do partido, a mera citação da sigla causa arrepios em mais da metade da população.
Portanto, o fato novo, caso viesse, teria de vir de fora da candidatura de Haddad. Sobra o quê? A descoberta de algo terrível sobre Bolsonaro? Mas isso vem sendo revelado diariamente. Sabe-se que o candidato é devoto de torturadores, antidemocrata, que elogiou grupos de extermínio, que praticou corrupção, que está fraudando a eleição. E nada muda.
O que resta seria algo radical: a renúncia de Haddad.
Sempre se soube que o candidato que tinha mais chances de combater o extremismo deletério de Bolsonaro era Ciro Gomes (PDT), que terminou em terceiro lugar no primeiro turno. Além de não ter a rejeição do petismo, Ciro é mais incisivo e mais competitivo num cenário como esse.
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É evidente que os petistas jamais farão isso. A não ser que haja uma comoção nacional pedindo que o partido sacrifique sua vaidade e seu projeto de poder em nome de um governo minimamente tolerável para os próximos quatro anos.
A legislação permite. Bastaria Haddad assinar um pedaço de papel e Ciro Gomes assumiria a candidatura. Teria dez dias para se posicionar e, quem sabe, impedir a chegada de um governo autoritário, protofascista, ao poder. Se é esse o preço, o PT, caso tenha um mínimo de consciência política, deveria estar disposto a pagá-lo.
Mas o partido parece estar mais interessado em reforçar posição, em marcar presença. Acha que seria negativo para sua imagem, para seu projeto, uma desistência. Muito pelo contrário: para qualquer cidadão que preze pela democracia, o gesto seria visto como o maior ato de desprendimento feito em nome do Estado de Direito, da proteção da legalidade e dos direitos humanos.
Seria a hora de Lula, Haddad e os demais petistas perceberem que não são invencíveis, e que Às vezes é melhor recuar um pouco – perder a batalha para n~]ao perder a guerra. Ceder em uma eleição para manter a democracia.
Ou eles não perceberam o que realmente está em jogo?
Metodologia
O Datafolha entrevistou 9.137 eleitores nos dias 17 e 18 de outubro. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, com 95% de índice de confiança. A pesquisa foi encomendada pela Rede Globo e pela Folha de S.Paulo e tem registro no TSE de núnero BR 07528/2018.
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