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Só PV, PT e Pugliesi votam por feriado da Consciência Negra

Pouco adiantou a mobilização do movimento negro. A Assembleia Legislativa decidiu rejeitar o projeto que criava um feriado em homenagem ao Dia da Consciência Negra no Paraná.

A votação do projeto já havia sido adiada por duas vezes. Os deputados pareciam constrangidos de dizer que eram contrários à ideia Nesta quarta, só nove votaram a favor: as bancadas de PT, PV e o peemedebista Waldyr Pugliesi.

O discurso da maioria é de que mais um feriado seria “inconveniente” para a economia local. Mas será que é isso mesmo?

Outras declarações deram pistas do que pode ter acontecido. A discussão, no fundo, é se faria sentido homenagear os negros com um feriado, quando não há outro do gênero para nenhuma outra etnia.

Um dos feriados mais importantes dos Estados Unidos é o dia de Martin Luther King. Lá, como aqui, os negros foram vítimas de um abuso cruel, chamado escravidão, por quase quatro séculos.

Lá, como aqui, isso deixou marcas no povo negro até hoje. Qualquer estatística de emprego, renda, habitação mostra isso. Os negros sofrem “economicamente” até hoje.

Não será isso, também, um inconveniente?

Aqui, como lá, os negros são ainda hoje vítimas de preconceito. Ouvem piadinhas sobre a cor da pele, sobre o cabelo, sobre sua suposta preguiça e outros hábitos que nem vale a pena mencionar aqui, até porque, claro, trata-se de mentiras típicas do racismo.

É bastante óbvio o sofrimento histórico dos negros. É imensa a dívida do país com gerações de africanos arrancados de suas vidas para fazer esse país existir como é hoje.

Não há outro feriado do gênero porque, a não ser pelos indígenas, nenhum outro povo, por aqui, foi torturado como foram os negros.

Tudo isso foi menosprezado na discussão da Assembleia. Nosso Parlamento, inclusive, tem algum negro? Não seria isso um indicativo de que é preciso fazer algo que chame a atenção para a desigualdade racial por essas terras?

Perdeu-se a oportunidade. Não só de aprovar o projeto. Mas também de discutir-se o problema, mas uma vez jogado para debaixo do tapete.

Pobre Parlamento esse, que se recusa até mesmo a debater um problema social…

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