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Temer e o PSDB fizeram renascer o movimento estudantil
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O petismo conseguiu revitalizar os movimentos de rua. Agora, Michel Temer está ressuscitando o movimento estudantil. Os dois lados têm no currículo a glória de ter levado a população a ter de novo a vontade de gritar na rua contra os políticos.

A ocupação de colégios que se segue ao anúncio da reforma do ensino médio é a sequência de um movimento iniciado, na verdade, no ano passado, principalmente em São Paulo. Na época, alunos secundaristas tomaram colégios para evitar que os governos tucanos os fechassem.

O movimento foi organizado, persistente e deu certo. Os alunos tinham uma causa justa, principalmente porque o governo Alckmin, arrogante como sempre, decidiu fazer tudo sem debate e – mesmo depois de perceber a impopularidade da medida – se negou ao diálogo.

O movimento estudantil brasileiro vinha em baixa desde o fim da ditadura militar. Tinha apenas glórias cada vez mais remotas – a última delas, um surto extemporâneo durante o curto governo de Fernando Collor.

Alckmin reviveu-o. Temer está lhe dando o alimento de que precisava. No Paraná, a situação se tornou ainda mais explosiva graças à postura igualmente pouco democrática do governo do estado, que se recusa a levar a sério os professores à beira de uma greve por direitos dados em lei.

Pode-se achar que os estudantes são mera massa de manobra. Não são. Não há dúvida de que são insuflados por movimentos externos à escola e pelos próprios professores. Não há dúvida de que a APP tem seus interesses. Mas isso não deslegitima a ação estudantil.

A reforma do governo Temer pode não ser bem compreendida por eles – são meninos e meninas de 14, 15 anos. Nem se poderia esperar deles o tipo de politização que se espera de adultos. E pode ser que estejam atropelando o processo. Mas eles, ao contrário do governo, têm esse direito.

Quem não tinha o direito de atropelos é o governo Temer – mandar em regime destinado a urgências uma reforma educacional é mais do que amadorismo: parece má fé. Ainda que os alunos estivessem errados em todo o resto, estariam certos em protestar contra isso.

Além disso, em São Paulo o que se viu foram alunos efetivamente tomando a frente do movimento em defesa de seus interesses. Se isso significará uma politização ou se eles permanecerão à mercê de informações incompletas sobre política (e não há dúvida de que o protesto tem mensagens truncadas, erradas), difícil dizer.

E assim como a falta de informações de manifestantes pró-impeachment não tirou a legitimidade do movimento, também os estudantes têm o direito ao seu protesto. Desde que não partam para o vandalismo e façam ações pacíficas, devem ser não só respeitados, mas até louvados por estarem se dispondo a participar de um debate político sobre os rumos do país.

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