Se Temer tem que ter medo de uma pessoa neste momento é do deputado paranaense Rodrigo Rocha Loures. Toda a estratégia de sobrevivência política de Temer depende dele: se Rocha Loures topar o papel de bode expiatório, a conversa é uma; se não topar, é outra completamente diferente.
Rocha Loures dificilmente escapará sem punição. Foi pego com uma mala de dinheiro, literalmente. E com a delação da JBS o mundo todo sabe quanto dinheiro havia e quais eram as condições. Para piorar, as notas estariam marcadas e a mala (dependendo da versão), chipada. Mais prova do que isso é difícil.
Temer, assim que se viu acuado, jogou a responsabilidade toda no assessor. Rocha Loures foi seduzido, diz ele. Mas Temer não teria nada com isso. E tratou de inclusive fingir que não era tão próximo de seu assessor mais próximo. As relações entre os dois eram apenas institucionais, afirma o presidente. Qualquer um que conheça a história sabe que não é assim.
Rocha Loures é talvez o principal assessor de confiança de Temer. Andava o tempo todo com ele, passava os dias no Jaburu. E deve saber de detalhes que a Lava Jato está ávida por conhecer. Por que o paranaense não faria, como todo mundo, uma delação premiada? Se tiver mesmo o acesso que se imagina aos detalhes do presidente, está numa posição em que a negociação com o MP é só o que o separa de uma longa temporada na cadeia.
O deputado está em São Paulo e desde que chegou de Nova York, no auge da crise, não fala com a imprensa. Sumiu. O mais provável é que esteja decidindo junto com advogados e com a família o que irá fazer. E certamente deve ter recebido pelo menos um emissário de Temer para conversar.
O que ele fará? Agora, só nas cenas dos próximos capítulos.
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