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Confusão e tumulto no rolezinho shopping Itaquera

Há uns dois meses, todo mundo uma opinião incisiva sobre os tais rolezinhos. Aparentemente, o mundo havia virado de cabeça para baixo e os jornais publicavam um artigo depois do outro sobre o assunto. Cada um tinha uma “verdade” sobre o tema. Era a sequência das jornadas de junho, diziam uns, normalmente, mais à esquerda. Afirmavam que era uma proba da desigualdade brasileira. Outros (normalmente mais à direita) afirmavam que era o caos. A prova definitiva de que estávamos à beira do tumulto social, insuflado por gente perigosa.

Curioso foi ver que os organizadores dos primeiros rolezinhos insistiam em dizer que não se tratava nem de uma coisa nem de outra. Só queriam passear, dar uma volta, encontrar pessoas. Mais curioso ainda foi ver que em pouco tempo o assunto sumiu. Eis como funcionam as coisas. Trabalhamos sempre (não a mídia, o país), com base em empurrões trazidos pela realidade. Aos solavancos.

Os rolezinhos originais diminuíram, o pessoal que passou a marcas coisas semelhantes como forma de protesto achou outra coisa para fazer e… ficou tudo para lá. Mas, espera aí. Afinal, alguma coisa aquilo tudo queria dizer. E depois de todas as teorias que passaram por aí, uma coisa que ficou clara foi justamente a mensagem original da moçada que foi ao shopping. Eles estavam dizendo que não há espaço para eles nas grandes cidades. Espaço para se divertirem, quer dizer.

As casas nas periferias são sempre pequenas. As ruas, estreitas. O comércio do bairro, convenhamos, não é o lugar ideal para paquerar e mostrar o visual, quanto mais para arranjar o que fazer num domingo à tarde. A invasão dos espaços da classe média tinha muito disso: achar um ponto de encontro onde o pessoal pudesse encontrar iguais. Como normalmente eles não estão por lá (e sim a classe média) era preciso marcar de ir todo mundo junto.

Veja só: onde aconteceram os maiores rolezinhos? Normalmente, em cidades sem praias. Procure no Google informações sobre coisas do tipo em Salvador, Recife, Fortaleza… Os que foram marcados, muitas vezes, acabaram esvaziados. Lá o pessoal tem onde se ver e se encontrar, sem precisar de shopping. No Rio teve rolezinho na zona Sul, mas nem se comparou ao que houve em São Paulo.

Como não dá para fazer praia em Curitiba (pelo menos é difícil imaginar uma praia no Rio Belém), nem em várias outras cidades, o que as prefeituras deveriam estar pensando era em arranjar espaços de convivência onde a turma queira ir. Não adianta forçar o que ninguém quer. O pessoal está querendo diversão, passeio e convivência. E, aparentemente, depois do susto que a classe média tomou, quando o pessoal voltou para a periferia no fim das férias e voltou a não “incomodar”, todo mundo se esqueceu deles de novo.

Daqui a pouco a água sobe de novo. E daí virão mais teorias. Ação para melhorar a convivência e criar áreas de diversão pública? Ah, isso demora…

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