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Tony Garcia é o Roberto Jefferson de Beto Richa: um descontente que atirou contra o próprio grupo
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Muito se fala sobre uma suposta evolução dos mecanismos de controle dos nossos políticos. A Lava Jato seria só o início: agora, o Ministério Público e a Polícia Federal estariam vigilantes e pegando tudo. Ninguém escaparia. Tomara que sim, mas o caso de Beto Richa (PSDB) não é exatamente uma prova disso.

A história da prisão de Beto Richa lembra mais as denúncias à moda antiga, como a de Niceia Pitta, que delatou o ex-marido prefeito de São Paulo. Ou o caso de Fernando Collor,que viu seu irmão, Pedro, estourar um esquema na imprensa nacional. Mas o melhor exemplo segue sendo Roberto Jefferson.

Em 2005, o então deputado federal e presidente do PTB resolveu que estava descontente com o sistema de partilha de recursos do governo Lula. E saiu atirando. O resultado foi uma entrevista bombástica na Folha de S.Paulo que acabou detonando o escândalo do mensalão: e o resto da história todo mundo sabe.

O caso de Beto Richa é igual. Não veio á tona por méritos da imprensa, da polícia nem do Ministério Público. Ficou-se sabendo do esquema porque um participante, descontente com os demais membros do grupo, resolveu dar com a língua nos dentes.

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Tony Garcia (PTC) jura que não levou um centavo na operação. Aparentemente, queria apenas financiar Betoi para ficar perto do governador que, segundo ele, poderia chegar a presidente. Mas se viu escanteado. Lutou para não ser excluído (ainda não está claro com que armas: seus opositores o acusam de chantagem).

Ao ficar de fora dos esquemas e do governo, Tony fez o que fez Roberto Jefferson. Começou a dar jeitos de espalhar informações sobre Beto a que tinha tido acesso durante todo aquele tempo. E ao descobrir que poderia aparecer na delação de Nelson Leal, terminou optando pela delação completa ao Gaeco.

Por mais que nossas instituições tenham melhorado em alguns pontos, nossa melhor chance de acabar com algum esquema de corrupção continua sendo a ganância interna dos grupos, que acaba uma hora ou outra levando alguém a se rebelar e a denunciar os ex-sócios.

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