Da coluna Caixa Zero:
1.
Segunda-feira às 6h51 da manhã Rafael Greca já estava fazendo fotos de seu quarto de hospital. A imagem era do monitor que vigiava seu corpo. Em 12 minutos, a foto estava no Facebook com uma legenda típica de seu otimismo: “Pressão de piá e saturação de respiração de 96%”. A “pressão de piá” era de 14 por 8, nem tão baixa assim. Fora isso, nada mal para quem havia sido internado uma semana antes com quadro de embolia pulmonar.
Na mesma tarde, ao sair do Marcelino Champagnat, abraços em crianças e beijo em Margarita. Coletiva de imprensa. E, depois, a volta à atividade cotidiana de falar mal de Gustavo Fruet na internet. Reassumindo a prefeitura, Greca faz questão que a internet saiba de cada buraco tapado, de cada árvore podada, de cada ação que ele toma.
Para Greca, tudo é um evento. Curitiba é seu palco. E o que ele mais deseja é que o reconheçam como o personagem central do espetáculo. Na campanha, ele mesmo disse qual era sua diferença com Gustavo Fruet. “Ele é introvertido. Eu sou feliz.” De fato. Difícil imaginar Fruet tão feliz com os holofotes.
2.
Greca é um sujeito pragmático. Queria ser prefeito. Para isso, se aliou a Requião. Não funcionou? Sem problemas. Aliou-se a Richa na eleição seguinte. Chegando lá, não há de mudar o comportamento e há de sempre fazer aquilo que lhe parece o caminho mais curto para chegar aonde quer.
Agora, na aliança com Beto, achou alguém igualmente pragmático. Richa queria tirar Fruet de seu caminho e fez o que pôde. Agora, como diz um colega bem humorado, assim que um aliado assumiu a prefeitura, remexeu num bolso de um paletó antigo e encontrou R$ 60 milhões para dar a Curitiba. Também vai haver dinheiro para o subsídio do ônibus e sabe-se lá para o que mais.
3.
“Acabou a era Fruet.” Greca disse isso ao fechar o guarda-volumes dos moradores de rua na Praça Osório. A ideia, segundo ele, é devolver a praça e o parquinho às crianças. Fica implícito que os moradores de rua são um estorvo que fica no caminho alheio. Política bem diferente da do antecessor.
Ao contrário de Fruet, Greca não está nem aí para a grita geral. Fruet é do tipo que não quer desagradar. Sabia desde sempre que o certo era fazer o ônibus dar a volta na Praça do Japão para beneficiar milhares de usuários. A classe média da região berrou e o prefeito jogou o contorno para o terminal do Portão.
Greca é seu oposto. Acha que os moradores de rua estão em seu caminho? Tira. Não tem dinheiro para a Oficina de Música? Classifica de “perversa” e dane-se quem pensa diferente. Não há medo de desagradar: tudo é feito na base do “eu sei mais do que os outros”.
Se botassem os dois no liquidificador, o resultado podia ser um pouco mais de democracia com um pouco mais de decisão. Como não dá, ficamos quatro anos com a indecisão e agora teremos quatro anos de um prefeito-rei. Começou a era Greca.
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