Tropa de Elite, o primeiro, foi acusado de defender a violência policial. Pareceu para muita gente um panfleto do tipo “bandido bom é bandido morto”. É que, no filme, havia apenas dois lados representados: num extremo, os traficantes; no outro, o Bope. Se só há as duas opções, a impressão é que o espectador teria de escolher um ou outro. O que não é verdade, claro.
O segundo filme resolve isso de uma maneira inteligente. Coloca em cena muito mais lados da mesma história. Há o Bope e os “caveiras”. Há os traficantes. Há os policiais corruptos (que já estavam lá, mas crescem em importância); há as milícias; há o intelectual ligado aos direitos humanos; há o apresentador de programa policialesco; e, claro, há os políticos.
E agora fica evidente para o espectador que a ideia do filme não é fazer você tomar o lado dos policiais do Bope. Mas, sim, entender os mecanismos que criam a corrupção e a violência no Rio de Janeiro. E, nisso, o filme é extremamente competente.
É óbvio que a situação do Rio de Janeiro é um caso à parte. E não dá para a gente simplesmente transpor para Curitiba (graças a Deus). Mas nós mesmos conhecemos a maior parte daqueles personagens por aqui.
E o mérito do filme é mostrar como uns dependem dos outros. Os deputados dependem do governo; o governo depende deles; todos dependem da população; que em alguns morros está nas mãos da milícia. A imprensa depende do pessoal ligado aos direitos humanos. A não ser que passe para o outro lado e defenda a violência, recebendo o que o apresentador policialesco recebe em troca.
Tropa de Elite 2 é um filme acima de tudo muito bem escrito. Mostra o cenário político e social de uma cidade melhor do que muito documentário seria capaz de fazer. Pena que o que se vê seja tão triste…
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