O presidente Michel Temer (PMDB) conseguiu chegar aonde queria. Mas ainda tem um problema a resolver. Tudo indica que a campanha que levou Dilma e Temer ao Planalto em 2014 foi financiada de maneira ilegal.
A Lava Jato cercou o tema pelos dois lados. Em uma ponta, as empreiteiras dizendo que financiavam caixa dois. De outro, fornecedores admitindo que recebiam o dinheiro por fora. Por essas e por outras, o tesoureiro do PT acabou preso.
Curiosamente, quem entrou com a ação no Tribunal Superior Eleitoral pedindo a cassação da chapa Dilma-Temer foi o PSDB, partido que hoje está pendurado no governo Temer, inclusive com ministérios. Ao tribunal, os tucanos disseram haver elementos para cassar Dilma e Temer.
O PSDB foi o principal partido a comandar o impeachment de Dilma. Nisso, foi coerente. Mas é totalmente incoerente ao se “esquecer” de que está participando de um governo que, segundo o próprio partido, foi eleito de maneira ilegítima.
A ação iniciada pelo PSDB teve trâmite decidido em outubro passado. Há quase um ano, portanto, o TSE disse que o processo devia ir em frente. Em dezembro, decidiu-se o rito. Em abril, autorizou-se a colheita de provas. Depois, o processo simplesmente sumiu do radar.
Diz-se por aí que haveria um acordo para que o processo não ande rápido, em nome da estabilidade e da governabilidade. Alguém mais cínico poderia dizer; para que Temer governe tranquilo sem pagar pela sua campanha supostamente ilícita.
Fato é que o Judiciário tem a obrigação de responder se a campanha foi ou não irrigada por dinheiro de cartéis – além de tido, não registrado. Se foi, só há uma saída possível: a queda de Temer.
Caso ele saia ainda neste ano (improvável), haveria novas eleições. Caso contrário, o Congresso elegeria uma nova chapa para governar o país até 2018, quando voltaria a haver eleições diretas para presidente.
Talvez seja um bom modo de entender quem estava pedindo o impeachment de Dilma porque realmente acreditava que estava combatendo a corrupção e quem o fazia só para se livrar do PT. Quem gritou “Fora Dilma” tem obrigação de gritar “Fora Temer”.
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