A cena que marcou o início do segundo mandato do governador Beto Richa (PSDB) no Paraná completa um ano nesta sexta-feira: três dezenas de deputados entrando na Assembleia escondidos dentro de um ônibus do Choque, da Polícia Militar.
Leia a Crônica de uma viagem dos deputados no ônibus do Choque.
Um ano depois, são basicamente aqueles trinta deputados que continuam dando apoio incondicional ao governador. Eles e mais uns poucos que ou já tinham chegado mais cedo à Assembleia ou – raridade – tiveram coragem de enfrentar a multidão que cercava o prédio sem usar a armadura sobre rodas da PM.
O dia do “camburão” foi um marco no início do segundo mandato de Richa por dois motivos. Primeiro, porque foi um indicativo de quanto o governo levava a sério a necessidade de um “ajuste fiscal”. Foi quando a sociedade percebeu o quanto as finanças públicas tinham sido descuidadas e o quanto perto do fundo do poço estávamos.
O governo simplesmente não tinha como recuar. Era preciso fazer algo: nem a rescisão dos temporários tinha como pagar. O décimo terceiro do funcionalismo foi pago devido a uma manobra insana que tirou dinheiro de outros Poderes, na base do favor.
O governo estava de pires na mão, e convenceu os deputados a entrar de qualquer jeito, mesmo com o plenário ocupado, mesmo com a multidão furiosa, e a votar num restaurante. Passada a eleição, perdera-se o pudor de mostrar como era a situação de fato.
O momento também foi marcante para os deputados. Eles precisavam escolher. Ou arriscavam ficar ao lado do governo passando pelo papelão de entrar na Assembleia de camburão ou tinham de passar para a oposição. No primeiro caso, ficariam marcados pela imagem. No segundo, perderiam as benesses do poder.
Um deputado que pulou para a oposição disse que os que ficavam não sabiam o que estavam fazendo com sua carreira. Muitos eram novatos. Mas, hoje, os que ficaram parece que não se arrependem. O governo começou a recuperar as finanças e promete obras. Quem as entrega nos municípios? A “bancada do camburão”…
Quem terá mais chance de se reeleger? Quem apostou em Richa apesar do cenário contrário em 2015 ou quem pulou para o outro lado? Veremos em 2018. Até lá, cada um tenta tirar o máximo da opção que fez um ano atrás.
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