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Um maço de cartões de banco

O conteúdo do depoimento de Douglas Bastos pequeno, antigo homem de confiança de Abib Miguel na Assembleia, reproduzido na Gazeta deste domingo, impressiona não tanto pela soma que teria sido desviada. E, sim, pela tranquilidade com que operações irregulares, de acordo com o contador, aconteciam no Legislativo paranaense.

Em seu depoimento ao Ministério Público, Bastos afirmou que três pessoas receberam cartões de Bibinho antes de ele ser preso pela primeira vez devido aos escândalos na Assembleia. Os cartões dariam acesso a contas abertas no nome dessas pessoas, mas que serviriam de fachada para outras movimentações. Os usuários eram meros “fantasmas”.

O valor sacado seria de R$ 8 mil em cada conta. Três pessoas fizeram o saque, no valor total de R$ 24 mil. Perto dos R$ 100 milhões que o Ministério Público imagina terem sido desviados é praticamente nada.

No entanto, o fato de o desvio ocorrer quando a investigação já corria solta e a imprensa vinha noticiando os fatos há algum tempo mostra que não havia exatamente preocupação em esconder o esquema ou interrompê-lo.

Mais do que isso, o que chama a atenção é o método usado. Bastos diz que Bibinho mantinha um maço de cartões de banco para movimentar as várias contas. E esse maço ficava dentro da Assembleia. E pessoas o viam, aparentemente, já que o contador sabe de sua existência.

Quem anda com um maço de cartões de funcionários fantasmas na mão tem a certeza de que vai sair impune? É a aparente conclusão.

Cada vez mais, o círculo em torno de Abib se fecha com as investigações.

E a pergunta que se quer respondida, até pela Comissão de Ética da Assembleia, que deve começar a analisar nesta semana os pedidos de cassação de Nelson Justus e de Alexandre Curi é: num esquema tão grande e transparente como esse, os deputados não sabiam de nada?

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