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Era evidente que a política do prefeito João Doria, de apagar pichações e grafites de muros da cidade ia causar polêmica. Tem sido assim no mundo todo: e tanto os defensores da tolerância zero quanto os do “grafite-arte” têm bons argumentos a seu favor.

A primeira coisa que parece clara é que em muitos casos se trata de um caso simples de direito à propriedade. Se alguém pinta a tua parede sem que você queira, você tem todo o direito de ir lá e apagar – além de ter o direito de ficar puto com quem fez isso. É como se riscassem o teu carro ou jogassem tinta na tua roupa.

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Em várias cidades do mundo, as prefeituras têm departamentos especializados em apagar esse tipo de pichação. Em Chicago, a prefeitura diz que a pichação é vandalismo. “Enfeia a comunidade, danifica a propriedade e diminui nossa qualidade de vida”. A prefeitura tem um serviço gratuito de remoção. Basta ligar.

Em Vancouver, no Canadá, uma parceria com uma empresa de tintas garante que cada morador possa solicitar o serviço de remoção de pichações duas vezes por ano, também sem custos – vale para residências e para imóveis comerciais. Em Nova York, basta ligar 3-1-1 e o esquadrão vem remover as pichações.

No entanto, o que Doria vem fazendo é mais do que simplesmente atender a pedidos de donos de casas e estabelecimentos comerciais. Está apagando também grafites de áreas públicas – e inclusive murais que eram vistos como uma forma de evitar pichações: a tinta colorida, os desenhos, eram uma forma de manter o muro limpo, sem palavras de ordem de gangues, por exemplo.

E neste caso parece haver um contrassenso. Mesmo que se decidisse que toda pichação é um desserviço (e há gente boa dizendo que não é assim), os murais de grafite são algo totalmente diferente – e ao decidir usar uma política o mais restritiva possível, Doria pode estar dando na verdade um baita tiro no pé.

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