O projeto da vereadora Maria Letícia Fagundes (PV) para multar quem assediar mulheres nas ruas de Curitiba não é o melhor do mundo, longe disso. Há vários argumentos possíveis para rebater a proposta – por exemplo, para ficar em um aspecto prático, como aplicar a multa?
O principal problema a ser debatido parece ser outro: a ideia de que tudo deve ser reprimido por meio de leis e multas – um dia vamos criar uma multa contra a mentira? Quem vai aplicar? Tudo que é imoral deve ser alvo de legislação?
Tudo isso seria passível de discussão numa sociedade civilizada. Mas na nossa, o que houve foi uma série de xingamentos gratuitos típicos de quem não quis nem parar para compreender a proposta.
Mas muita gente, nas redes sociais, preferiu apelar para os argumentos mais baixos possíveis. Como chamar a vereadora de “baranga” e “tribufu”, ou, num clássico exemplo de machismo não reprimido, dizer que quem propõe limitar o assédio só pode ser uma mulher invejosa e mal amada.
E teve até mulher entrando na onda, numa espécie de Síndrome de Estocolmo – mesmo sendo vítimas de assédio, preferiram atacar quem quis defendê-las.
Para muita gente, as mulheres que apoiam o projeto também só podem ser feministas. E, sendo feministas, evidentemente que seriam feias. (Ainda é possível que alguém pense assim? Sim, é possível.)
Teve gente reclamando também que o mundo está ficando chato. Não pode mais fazer nada que é racismo, homofobia. Colocaram até roupa na Globeleza. Onde esse mundo vai parar?
Porque o real problema é tentar acabar com o que é “natural” com os homens. Teve até quem dissesse que isso seria “heterofobia”. Ou seja: se você quer que os homens você não se com portem como trogloditas, você quer o fim dos heterossexuais, simples assim.
Óbvio que não faltou quem pusesse a culpa do assédio nas próprias mulheres.
E para terminar, claro que também teve quem partisse para o xingamento puro e simples.
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