Um grupo de vereadores de Curitiba está propondo que os salários dos 38 eleitos em outubro siga igual ao que é hoje. O congelamento ganhou força nesta semana: segundo os vereadores, o atual salário de R$ 15,1 mil já é suficiente e os vereadores precisam contribuir para as finanças da cidade no momento de crise.
Há vários motivos para que o movimento ocorra. Um deles, é claro, é o fato de se tratar de ano eleitoral. Defender austeridade pode dar bom discurso de campanha. Outro motivo é o fato de que o salário realmente não é baixo: o discurso, embora possa soar demagógico, faz sentido. Por fim, há uma irritação profunda da sociedade com as regalias dos políticos – no caso dos vereadores, a pressão popular levou várias Câmaras a baixar o salário no ano passado.
A iniciativa tem seus méritos, traria alguma economia. Se pensarmos em uma inflação de mais ou menos 12% ao ano e imaginarmos que esse seja o valor de que a Câmara abra mão, estamos falando de uma economia de R$ 915 mil por mês. Em quatro anos de mandato, isso poderia significar duas creches a mais para a cidade. Nada mal.
Mas o verdadeiro custo que os vereadores trazem para a cidade está em outro lugar, embora ainda dentro de seu gabinete. Cada um deles tem direito a nada menos do que sete assessores comissionados, o que causa um gasto mensal de R$ 55 mil dentro de cada gabinete. São sete assessores para cada um. Transformando isso em dados anuais, são R$ 27,8 milhões do bolso do contribuinte. Em quatro anos, fazendo a mesma comparação, são mais de 50 creches para a cidade. Aí sim.
Óbvio que os vereadores, ao abrir mão do reajuste salarial, perdem pouco. Talvez pouco mais de R$ 1 mil líquidos por mês. Se não propõem a redução de suas verbas de gabinete é porque esse sim é o fundamental para eles: ter gente trabalhando o tempo todo para receber pedidos, “atender” a população, inclusive nos bairros. Um verdadeiro comitê de reeleição permanente e pago com dinheiro público.
Em outros países, a assessoria de políticos é bem mais reduzida e funciona basicamente com funcionários efetivos. No Brasil, a república dos comissionados, cada um tem a chance de contratar seus próprios favoritos por critérios políticos. Tomara que alguém assuma essa bandeira, Ou dentro da Câmara, ou fora dela.
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