Toda eleição é a mesma coisa: na ânsia de convencerem o eleitor de que o problema é a prefeitura, volta a conversa da indústria da multa. Funciona para todo mundo: o candidato finge estar enfrentando um “monstro” e o eleitor pode sonhar em furar o sinal impunemente.
Os radares – tanto os de Curitiba quanto os de outra cidade – têm uma peculiaridade: só multam as pessoas que andam acima da velocidade legal. Tempos atrás, um videozinho na internet ensinava a burlá-los: num radar de uma via com limite de 60 km/h basta andar a 59 km/h, por exemplo.
O que o candidato quer ao prometer o fim da indústria da multa, em geral, é dizer que vai ser conivente com os teus erros, eleitor. Quer dizer que, apesar de apoiar a Lava Jato, Sergio Moro ou quem for, acha que não é preciso evitar as pequenas corrupções do dia a dia.
Goste-se ou não da gestão de Gustavo Fruet (e os curitibanos já deixaram bem claro a essa altura que não gostaram), a redução da velocidade nas áreas centrais diminuiu o número de acidentes e de mortes. Mas ao invés de prometer proteger a vida, é mais fácil prometer olhar para o lado e ganhar o voto de quem quer passar impune.
Evidente que o contrato com a Consilux é um absurdo e precisa ser revisto. É possível discutir o limite de velocidade aqui e ali. Mas generalizar e dizer que toda multa é um abuso contra o cidadão é ficar do lado do infrator.
Já é colher de chá demais que todo radar tem um aviso antes, como se o ladrão também precisasse ser avisado de onde há um policial, para que não furte em área onde possa ser pego. O ideal, numa cidade em que as pessoas respeitam a lei e a vida, seria um radar em cada esquina.
Mas isso não pega bem com o eleitor da República de Curitiba (onde supostamente se cumpre a lei), nem de lugar nenhum. O eleitor continua implacável com os políticos corruptos – desde que o deixem infringir a lei e os direitos alheios quando bem entender.
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