Quem conhece um pouco do orçamento da prefeitura, quem entende um pouco do funcionamento da política olha o programa dos candidatos de Curitiba e fica abismado. Como pode? Como é que dizem tudo isso assim, como se não fosse nada? Como prometem o que não têm como entregar?
A campanha de Leprevost e de Greca é diferente em muita coisa. Mas se igualam num ponto: ambos querem que você acredita que todos os problemas da cidade são fruto da incompetência dos atuais gestores. Como se apenas com um pouquinho de boa vontade, ou de “gestão inteligente” as coisas fossem mudar de uma hora para outra.
A lista de promessas é absurda. Nesta terça, o programa de Rafael Greca, em poucos minutos, fez mais viadutos, trincheiras, alargamentos de avenidas e troca de asfalto do que ele fez como prefeito em quatro anos de mandato. Assim, num estalar de dedos. Ney Leprevost promete baixar a tarifa quando nem os que são mais próximos a ele acreditam na promessa.
Os dois fazem campanha com um risco: pode ser que ganhem, e aí terão de explicar porque é que não fizeram o que prometeram. Aí virão as desculpas: a economia, a crise, a Justiça, as licitações, sabe como é… Ou então o clássico: o governo do estado não ajudou. Ou ainda: é preciso diferenciar promessas de metas. Ou qualquer outra enrolação.
Mas, por enquanto, ainda estamos na altura do conto de fadas. Um descobriu a lâmpada de Aladim. O outro, as minas do Rei Salomão. Ambos farão jorrar maná sobre a cidade a partir do início de janeiro.
O cenário do milagre de Greca é o passado. Basta ver o último Ibope para perceber: quem se encanta mais com ele são os eleitores de 45 a 54 anos – aqueles que ouviram por anos a ladainha da propaganda lernista, da cidade modelo. É a campanha da nostalgia. Nos eleitores de 25 a 34 anos, Greca chega a ficar 15 pontos atrás de Ney.
Já o milagre de Leprevost é a extinção da política. Numa época em que os heróis da vida pública nacional são os que prendem políticos, Ney decidiu falar numa “nova política”. Coisa que ninguém sabe o que seja e que ele mesmo certamente não saberá explicar. Aparentemente, é a mesma de antes, só que prometendo se comportar e não enfiar a mão no jarro.
Leprevost chegou a prometer que não aceitará nenhuma indicação de partido político para seu secretariado. Acredita quem quiser. Certamente não acreditam os vários partidos que lhe cederam tempo de tevê, dinheiro do fundo partidário e cabos eleitorais. Depois virá a explicação de que chamou a pessoa do partido X por ser competente, e não pela indicação. Quem aposta?
Fruet fez uma campanha árida como o Saara, prometendo que não faria quase nada, porque a economia não permitia. Obviamente, fracassou. Agora, seus adversários decidiram que o caminho é o oposto. Um diz que duplicará o viaduto rápido como quem resolve as palavras cruzadas. O outro garante dois pronto-atendimentos infantis já no primeiro ano de mandato.
Depois reclamam que a população não acredita em políticos.
A pesquisa Ibope, contratada pela RPC, ouviu 805 eleitores curitibanos entre os dias 18 e 20 de outubro. A margem de erro é de 3 pontos, com confiabilidade de 95%. Registro no TRE: PR-08766/2016.
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