A votação que escolheu a comissão responsável por analisar o impeachment pode ser totalmente irregular. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) “inventou” uma eleição que possivelmente vai ser derrubada no Supremo Tribunal Federal, ao invés de deixar os partidos indicarem os componentes.
Juridicamente, o caso está em aberto. Para o governo, porém, o mais preocupante nem é isso. O que deve deixar Dilma e seus assessores de cabelos em pé é o fato de o governo ter tomado uma paulada na votação. Foram só 199 votos a favor da chapa governista. Para conseguir evitar o impeachment, Dilma precisa de 172 votos na Câmara – caso contrário, o processo segue para o Senado.
A diferença entre o que Dilma teve nesta terça e o que precisará ter na hora de votar a abertura do impeachment é de apenas 27 votos. E isso antes de a pressão popular que pode vir das ruas. E isso numa sessão com votação secreta, em que o sujeito não precisou ir ao microfone, em rede nacional de tevê, dizer que é a favor de uma presidente impopular.
A oposição, por sua vez, que contava ter apenas 240 votos pró-impeachment, teve 272 adesões. Isso mesmo com os ausentes.
Não há nada decidido em Brasília. Pode até ser que alguns deputados tenham votado assim hoje só para aumentar o poder de barganha com o governo. Também é preciso contar que cerca de 10% dos deputados se ausentaram da votação. E isso pode fazer diferença. E, claro, a decisão ainda cabe ao Senado, onde o PT, teoricamente, tem mais força.
Mas é bom o PT colocar as barbas de molho. Porque a votação desta terça mostra que a coisa vai ser feia para a presidente nos próximos meses.
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