Cara Marisa, caros leitores
Hoje vou dar uma receitinha.
Calma, Nádia, garanto que não é concorrência desleal com o seu Conversa
Temperada, blog do qual eu e comadre Marisa somos fãs de carteirinha.
É uma receita de sabão em barra. Anotem aí:
Ingredientes:
2 litros de óleo comestível descartado (após frituras)
1 litro de água quente
500 g de soda cáustica (NaOH)
5 ml de óleo essencial
50 gramas de sabão em pó (duas boas colheradas)
Modo de fazer:
Dissolva o sabão em pó em 250 ml de água (um copo). Em outro recipiente, dissolva a soda cáustica no restante da água. Leve
o óleo comestível ao fogo baixo e despeje as duas soluções. Mexa por 20 minutos e junte a essência. Despeje num tabuleiro e espere 24 para desenformar e cortar.
Alguns alertas para quem quiser pôr a experiência em prática: os utensílios devem ser usados exclusivamente para a produção de sabão. As crianças devem ficar longe do “laboratório” e de seu “almoxarifado”. Os
produtos, especialmente a soda cáustica, precisam ser manipulados com
cuidado. Use luvas.
O objetivo dessa receita não é ajudar na economia doméstica, mas dar um fim digno ao óleo que sobra das frituras e que, ralo abaixo, vai poluindo ainda mais os nossos rios, além de emitir gases do efeito
estufa no processo de decomposição. Jogar no jardim também não é boa idéia, pois o acúmulo de óleo reduz a capacidade de absorção do solo.
Achou a causa nobre e a receita complicada?
Eu também. Não me meto a fazer sabão, não. Em vez disso, vou guardando a matéria-prima para o projeto “Vá Fazer Sabão”, recém-lançado pelo Colégio Marista Santa Maria.
Graças à iniciativa, comecei a me preocupar mais com o destino do óleo, ainda que fritura lá em casa seja coisa rara. Soube que projetos semelhantes estão em prática em muitas escolas e instituições Brasil
afora.
Como a querida Marisa, que vez por outra me acompanha no café, não vai me deixar mentir, confesso que de vez em quando nos rendemos aos bolinhos de chuva.
Pesquisando a história da família, muita gente vai descobrir que tinha uma bisavó que fazia sabão caseiro, de óleo ou de cinzas. Nas casas do Brasil Colônia, havia cozinhas especialmente destinadas a esse fim. Não é que nós, no século XXI, temos de nos render à sabedoria das bisas?
Hoje os abraços especiais vão para a Regina, leitora que está “exportando” o nosso blog; para o Guilherme Fagaraz, meu sobrinho por afeição; e para os colegas jornalistas, que sempre prestigiam as Candinhas.
Para você, comadre Marisa, um grande beijo!
Sandra
***
Caríssima Sandra,
Acho que essa história de fazer sabão veio do impulso inconsciente que
lhe provoquei com minhas queixas sobre o efeito sabão do calçamento da
cidade, especialmente quando chove.
Olha, comadre, desculpe a insistência, mas já vi até cachorro de rua —
daqueles bem experientes, de inegável vagar vagabundo — pisar em falso
em lousinha solta e sair sacudindo a perninha de dor.
O que me faz lembrar que antigamente cachorro costumava ser um dos
ingredientes do sabão.
Verdade ou não, o fato é que também não me animo a fazer sabão, ainda
mais que, morando em apartamento, não disponho daqueles dois hectares de
terra que a comadre cultiva ali nos altos da esparsa Vista Alegre.
Agora vou cuidar da vida, comadre. Tem uma pilha de roupa esperando um
sabão ali no tanque.
Beijo,
Marisa
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