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Que maravilha!

Comadre Sandra,

Sei que vou comprar uma briga com o comentário a seguir, mas resolvi não morrer engasgada.

Achei de uma babaquice sem par essa pseudo eleição da estátua do Cristo Redentor, no Rio, como uma das sete maravilhas do mundo moderno.

Pura demonstração de bairrismo cego e acrítico.

Como comparar, comadre, monumentos de fantástico valor histórico, político e sociológico como a Muralha da China e o Coliseu com a estátua sobre o Corcovado?

É claro que a imagem é bonita, que a paisagem lá de cima emociona e que deve ter dado um trabalhão montá-la no alto do morro.

Mas quanta distância há entre o que nos maravilha na surpreendente arquitetura do Taj Mahal e das ruínas de Machu Picchu, entre a grandiosidade histórica do Coliseu e da Grande Muralha da China, entre a herança maia da pirâmide de Yucatan e a do sítio arqueológico de Petra, na Jordânia.

Como explicar ainda terem ficado de fora a Acrópole de Atenas, o círculo de Stonehenge, os tótens da Ilha de Páscoa…

A imagem do Cristo Redentor – abstraindo-se a relação afetiva que possamos ter com ela, seja por religiosidade ou por admiração estética – está, para mim, como a Estátua da Liberdade, a Torre Eiffel e, porque não?, a Hidrelétrica de Itaipu.

São todos monumentos admiráveis de engenharia, que merecem ser conhecidos.

Mas eles terão que esperar sua vez para, quem sabe daqui a 2 mil anos, ganhar importância histórica e merecer lugar num panteão de maravilhas dos últimos séculos do segundo milênio.

Eu, de minha parte, vou dar uma voltinha lá no quintal, porque já estou ouvindo umas pedrinhas batendo na janela.

Um beijo, comadre!

Marisa

**
Comadre Marisa,

Concordo em gênero, número e grau. As maravilhas antigas tinham laços com as civilizações que as criaram. O nosso Cristo tem seu valor, mas não pode ser considerado como símbolo da “civilização” brasileira.

Bem fez a Unesco que não quis participar da campanha caça-níquel e que deixou claro que sua escolha de patrimônios da humanidade não é feita com base em “escolhas populares”, mas em critérios científicos.

Vencedor mesmo foi o senhor Bernard Weber, o suíço que teve a idéia de promover a eleição e que agora contabiliza o lucro obtido com a participação pelas ligações de celular e com os certificados (de US$ 2) para quem quisesse ficar com “uma lembrança pela participação na eleição”.

É, comadre, nossas opiniões certamente não vão agradar quem confunde patriotismo com patriotada.

Melhor ir chamando o vidraceiro.

Beijão,
Sandra

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