Oi Marisa:
Desculpe ter recusado seu convite para o lanche. É que estou acompanhando o julgamento do STF sobre a fidelidade partidária. Tudo indica que o troca-troca de partidos será condenado. Resta saber se o Supremo vai punir casos passados ou “zerar o placar” para fazer a regra valer daqui por diante.
Vou dizer por que acho mais que justo que se considere o mandato do partido: apenas uns 10% dos atuais integrantes da Câmara conseguiram se eleger graças aos votos “próprios”. Os outros 90% precisaram dos votos dados diretamente ao partido ou a candidatos do partido que não obtiveram desempenho tão bom, mas cujos votos podem ser somados para ajudar na eleição dos “melhores colocados”. Idiossincrasias do nosso sistema de representação que só uma reforma política pode mudar de vez…
Apesar da evidência dos argumentos, como não poderia deixar de ser, muitos deputados federais já se articulam para reagir à decisão do Supremo. Quem acha que os parlamentares não devem ficar mudando de partido no meio do mandato, como eu, pode escrever para o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (dep.arlindochinaglia@camara.gov.br), para manifestar o desejo de que os deputados aceitem o fim do troca-troca.
Vamos ver se é possível pôr fim ao vale-tudo, fazendo prevalecer o respeito ao nosso direito à representação pelo voto.
Enquanto os dados rolam em Brasília, no Paraná outra tentativa de vale-tudo surge na Assembléia.
O deputado estadual Ademar Traiano (traiano@pr.gov.br), do PSDB, apresentou um projeto que proíbe “procedimentos administrativos” em caso de denúncia anônima.
Juristas avaliam que entre os tais procedimentos podem ser incluídas investigações administrativas abertas pela polícia e pelo Ministério Público contra integrantes do poder público. É, portanto, mais uma tentativa de amordaçar o cidadão.
É isso, Marisa.
Vou indo. Espero, em breve, ter notícias suas.
Sandra
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