O negativismo da mídia é uma forma de falsear a verdade. A vida, como os quadros, é composta de luzes e sombras. Precisamos denunciar com responsabilidade. Mas devemos, ao mesmo tempo, mostrar o lado positivo da vida.
“Bad news are good news” – o mote, alardeado pelos militantes do jornalismo cinzento, tem produzido um excesso de matérias em lá menor. O negativismo gratuito é, sem dúvida, uma das deformações da nossa profissão. “O rabo abana o cachorro.” O comentário, frequentemente esgrimido em seminários e debates sobre a imprensa, esconde uma tentativa de ocultar algo que nos incomoda: nossa enorme incapacidade de trabalhar em tempos de normalidade.
Alguns setores da mídia, em nome de suposta independência e de autoproclamada imparcialidade, castigam diariamente o fígado dos seus leitores. Dominados pelo vírus do negativismo, perdem conexão com a vida a real.
A deformação não está na denúncia em si, mas na miopia, na obsessão seletiva pelo underground da vida. O que critico não é o jornalismo de denúncia, mas o culto do denuncismo. É preciso sair às ruas e ver a vida real. Lá, estou certo, perceberemos que as sombras não capazes de ocultar as luzes que brilham no cotidiano.
O que critico não é o jornalismo de denúncia, mas o culto do denuncismo. É preciso sair às ruas e ver a vida real
Precisamos, ademais, valorizar editorialmente inúmeras iniciativas que tentam construir avenidas ou vielas de inovação e empreendedorismo. É o que farei neste espaço opinativo. Fui atrás de iniciativas interessantes e ofereço a você, amigo leitor, dois exemplos concretos de um Brasil que está dando certo.
O primeiro exemplo vem de uma empresa nacional com notável trajetória no campo da inovação: a Akiyama. Desde sua fundação, em 2005, lidera o campo da identificação biométrica no Brasil. Totalmente nacional, a empresa é um exemplo de excelência operacional e inovação.
Com uma presença abrangente, a empresa oferece suporte técnico e manutenção em mais de 5 mil municípios, incluindo todas as capitais brasileiras. Esta extensiva rede de serviços mostra a capacidade da empresa de atender a um país continental, garantindo segurança de dados e autenticação numa escala sem precedentes.
Maior fornecedora do cadastramento biométrico do Brasil, a Akiyama tem desempenhado papel fundamental no cadastramento biométrico do eleitorado brasileiro. Com mais de 140 milhões de pessoas registradas por meios de seus dispositivos e softwares, a empresa reforça a importância da identificação precisa e confiável em diversas esferas da sociedade.
Conversei com Gonçalo Fernandes, membro do Conselho de Administração do Grupo Akiyama. Trata-se de um jovem executivo com experiência internacional. Sua missão é aprimorar o modelo de governança da empresa e acelerar a internacionalização do grupo. Nas palavras de Ismael Akiyama, CEO e fundador do grupo, a habilidade de Gonçalo em instaurar “ordem ao caos”, juntamente com sua capacidade de “pensamento estratégico, inovação em design de conceitos, definição de processos claros e métodos de trabalho e empreendedorismo, o posiciona como um agente de mudança crucial dentre da empresa”.
Investir em talento e inovação é o segredo das empresas que olham para frente e não estão reféns do retrovisor. Tal atitude não ocorre apenas no mundo empresarial. Há pessoas, e não são poucas, que não se perdem no cipoal das dificuldades da vida. Encaram as crises como porta de entrada de grandes oportunidades.
O jornal O Estado de S.Paulo jogou luz num desses personagens que valem a pena. Mostrou uma rica experiência de vida e contou uma boa história. Os leitores, frequentemente afogados na espuma que brota nos corredores do poder, devem ter agradecido as lufadas de ar fresco que sopram na vida real.
Analisando o mercado local e com bom faro para negócios, o empresário rondoniense Tony Cozendey, 33 anos, passou de office boy de uma ótica em Buritis (RO) para o comando de sua própria rede espalhada por 14 estados do país, com mais de 34 unidades em funcionamento e faturamento anual de cerca de R$ 20 milhões.
É fácil fazer jornalismo de boletim de ocorrência. Não é tão fácil contar histórias reais, com rosto humano, que mostram o lado bom da vida
Desde que começou a operar, o Instituto Visão Solidária, também conhecido como IVS, apostou na produção de óculos a preços acessíveis, inicialmente com foco para venda em cidades do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Tony Cozendey nasceu em uma família humilde na cidade de Alta Floresta do Oeste (RO). Aos 15 anos, mudou-se para Buritis (RO). Para se sustentar na cidade, foi trabalhar como office boy para um amigo de seu pai, que era dono de uma ótica na cidade. “Comecei fazendo cobrança de bicicleta nos bairros, depois passei a ajustar óculos e aprender a montá-los. Assim que comecei a me comunicar bem, fui ajudar no atendimento aos clientes e me tornei vendedor”.
Sem as algemas das dificuldades, que paralisam e inibem, Tony vislumbrou oportunidades. Hoje é um exemplo de sucesso.
É fácil fazer jornalismo de boletim de ocorrência. Não é tão fácil contar histórias reais, com rosto humano, que mostram o lado bom da vida. “Quando nada acontece”, dizia Guimarães Rosa, “há um milagre que não estamos vendo”. O jornalista de talento sabe descobrir o milagre que esconde no aparente lusco-fusco do dia a dia.
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