Carneiro Neto

A seleção não é mais a Pátria de Chuteiras

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Carneiro Neto
22/03/2019 14:13 - Atualizado: 29/09/2023 23:35
A seleção não é mais a Pátria de Chuteiras

Após a desconcertante derrota para o Uruguai e, consequentemente, a perda da Copa do Mundo de 1950, em pleno recém inaugurado Maracanã, levou o dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues a criar a expressão “O complexo de vira lata do brasileiro”.

Na concepção do genial Nelson, criador da Cabra Vadia; do Palhares, o cunhado mau caráter; do Sobrenatural de Almeida e outros personagens que povoaram as suas crônicas diárias e livros inesquecíveis, o que havia determinado o fracasso da seleção brasileira, em todas as copas disputadas, foi o complexo de inferioridade. Ou seja, um humilde vira lata.

Até que, com a conquista do primeiro título mundial na Suécia, em 1958, o futebol brasileiro recuperou-se plenamente e passou a ser respeitado e idolatrado por todos os países.

Com o tricampeonato no México, em 1970, e a posse definitiva da Taça Jules Rimet, Nelson timbrou que “A seleção é a Pátria de Chuteiras”.

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Ufanismo bem apropriado para aquele período da vida nacional.

Como se sabe a Taça Jules Rimet foi roubada da sede da CBD – atual CBF – e derretida pelos ladrões.

De certa forma faz sentido, afinal o Brasil celebrizou-se como possuidor do melhor futebol do mundo, tendo revelado dezenas de jogadores de alto nível técnico, mas também ficou famoso pela corrupção.

Não há nada que faça o país andar mais na marcha a ré do que a política. Tudo que tem essa ciência de governança do Estado envolvida tem cheiro rançoso, lamentável e que afronta a fé, o sonho e a boa vontade do povo brasileiro.

Basta observar a quantidade de ex-presidentes, ex-governadores, ex-prefeitos e políticos em geral recolhidos aos presídios estaduais e federais.

É uma vergonha para todos nós.

Sem esquecer das arenas superfaturadas para a realização da Copa do Mundo de 2014. Aí estão os autênticos elefantes brancos de Brasília, Manaus, Cuiabá e Natal, além do enrolado Maracanã. Toda obra mal feita e superfaturada tem o dedo podre da política.

O mesmo dedo que desmoralizou os últimos presidentes da CBF, culminando com a prisão de José Maria Marin em Nova York.

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Os 7 a 1 para a Alemanha sem dúvida reforçaram a percepção, mas desde antes daquele vexame o país do futebol já não fazia jus a esse epíteto tão recorrente.

As tramoias dos cartolas, a incapacidade e falta de criatividade dos técnicos e a indisciplina e irregularidade dos jogadores foram determinantes nos fracassos que abalaram o prestígio do futebol pentacampeão nas copas da Alemanha, África do Sul, Brasil e Rússia.

Os dirigentes estão desacreditados, os milionários treinadores se transformaram em autênticos “rolando leros” e a maioria dos jogadores passa mais tempo mudando o penteado, a cor do cabelo e curtindo a vida do que apresentando rendimento técnico compatível com os milhões que recebe.

Com a disputa de amistosos frente a adversários de terceira categoria, a seleção brasileira não tem sido verdadeiramente testada. Antes, pelo contrário, as apresentações deixaram de atrair a maioria dos torcedores, tanto que baixaram significativamente os índices de audiência das transmissões dos jogos na televisão.

Tudo isso colocado no vidrinho, chacoalhado e servido, representa a triste constatação de que a seleção não é mais a pátria de chuteiras.

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Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...

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