Athletico precisa de autocrítica. Sinal vermelho no CT do Caju

Ao conquistar o título de campeão da Copa Sul-Americana o Athletico deu um salto expressivo no concerto futebolístico continental.
Ganhou um calendário excepcional, pois além dos torneios nacionais entrou na fase de grupos da Copa Libertadores da América, decidiu a Recopa com o River Plate e vai participar, em agosto, da Copa Suruga Bank, em uma partida com o Shoman Bellmare, campeão da Liga do Japão.
Era grande a expectativa em torno das possibilidades do time
dirigido pela revelação Tiago Nunes. Entretanto, encerrado o primeiro semestre
das atividades do futebol brasileiro por causa da Copa América, o saldo
atleticano é negativo.
Encerrou a primeira fase do Campeonato Brasileiro com 10
pontos, em 12º lugar e com apenas 37,0% de aproveitamento; perdeu a Recopa com
uma atuação pífia, em Buenos Aires, quando tomou dois gols do River Plate nos
últimos minutos da partida que se encaminhava para a prorrogação; perdeu o
primeiro lugar do grupo na Copa da Libertadores ao sofrer o gol que deu a
vitória ao Boca Juniors, em Buenos Aires, nos acréscimos da partida; sofreu
para eliminar o emergente Fortaleza na Copa do Brasil e agora vai enfrentar o
Flamengo, do qual levou uma virada desconcertante, nos acréscimos, no último
confronto no Maracanã.
O bicampeonato estadual com a equipe de aspirantes não
chegou a empolgar os torcedores, afinal a decisão foi com o singelo Toledo e,
mesmo assim, com grande esforço e sacrifício.
Na seqüência de maus resultados como visitante – não conseguiu ganhar nenhuma vez fora de casa neste ano – uma falha grotesca do goleiro Santos abriu o caminho da vitória para o esforçado Goiás.
O sinal vermelho deve estar ligado no CT do Caju.
Contratações equivocadas – apenas o atacante Marco Rubem
aprovou dentre os chamados reforços -; ambigüidade no planejamento – o time
titular só começou a jogar partidas oficiais no mês de março e emite sinais
claros de falta de ritmo; condicionamento físico deficiente e diversos
jogadores permanentemente cansados nos quinze minutos finais, especialmente nas
partidas fora da Arena da Baixada.
Para agravar o quadro, Thiago Heleno e Camacho foram vítimas
do próprio clube, que ministrou suplementos alimentares energéticos, flagrados
pelo controle de doping da Conmebol e da CBF.
Renan Lodi foi impedido de jogar porque não se apresentou a seleção sub-20, em Toulon, e Bruno Guimarães, a maior revelação da temporada, caiu de produção técnica desde que se anunciou o interesse dos europeus pela sua contratação.
É muita coisa acontecendo ao mesmo tempo para o Athletico
que, lamentavelmente, não conseguiu reunir um elenco a altura do extraordinário
calendário colocado à sua disposição.
Antes que a conta sobre para o treinador, o alerta máximo no
Furacão deve provocar um exame detalhado dos erros cometidos desde a formação
do grupo até a execução do planejamento mal elaborado.
Uma autocrítica geral - dirigentes, executivos do futebol,
comissão técnica e elenco - tornou-se imprescindível para a tentativa de
recuperação no segundo semestre.
Ao operoso Tiago Nunes transmito um pensamento: Abençoados
os técnicos que conseguem conciliar técnica refinada com aplicação tática e
determinação dos jogadores porque deles é o reino dos gramados.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...