O nosso Futebol é comédia ou tragédia?

O poema “A Divina Comédia” tornou-se fundamental para a transformação da Itália.
A obra mestra de Dante Alighieri influenciou, definitivamente, a história do país, ordenou comportamentos e, entre tantas outras coisas, definiu a língua italiana moderna.
O gênio da literatura medieval italiana explicando o título da sua obra-prima, afirmou que comédia é uma história que começa mal e termina bem, enquanto tragédia é uma história que principia bem e acaba mal.
Essa deve ser a dúvida atual do torcedor brasileiro: o nosso futebol virou comédia ou tragédia?
Desde os primórdios o jogador brasileiro chamou a atenção dos observadores.
Inicialmente dos marinheiros ingleses que viam os nativos jogando futebol nas praias do Rio de Janeiro.
Como inventores do rude esporte bretão é natural que tenham sido os ingleses os primeiros europeus a perceber a habilidade, a facilidade e o jeito daquela gente bronzeada para tratar a bola.
Depois vieram os franceses, alemães, enfim a Europa inteira passou a reconhecer o talento dos nossos futebolistas e até hoje paga verdadeiras fortunas para vê-los vestindo as camisas das suas equipes.
Porém, ultimamente, reduziu-se, drasticamente, o número de revelações acima da média.
O futebol brasileiro embruteceu, parece ter perdido a graça e os raros malabaristas dos nossos gramados são recebidos com tapete vermelho estendido. Não é à toa que, apesar dos altos e baixos, Neymar continua no topo. E, de certa forma, o jovem Vinicius Junior começa a despertar a atenção do mundo da bola.
Mas são exceções. A maioria que atravessa o Atlântico não tem conseguido brilhar e muito menos esquentar o banco. Virou algo meio bate-volta, para delírio dos dirigentes e empresários que faturam alto nas negociações.
Neymar machucou-se outra vez.
Parece óbvio que ele se tornou vítima do estilo de jogo próprio: provocador, desafiador, sempre procurando tirar o marcador para dançar, insistindo num drible a mais, até levar o ponta-pé ou o pisão nos dedos.
Diante da sua arrogância infantil ele começou a receber críticas e censuras, não só pelo jeito de atuar, mas pelo comportamento fora de campo.
Menos mal que, pelo menos, deixou de pintar o cabelo.
Entrou na Copa do Mundo como candidato a Bola de Ouro e saiu completamente abatido. Como a própria seleção brasileira que se equivocou na receita, no aviamento, na mistura dos ingredientes, sabor e montagem da mesa. Em nenhum momento o futebol do time de Tite conseguiu empolgar na Rússia. Virou um banquete indigesto.
Culpa de quem ? Do cozinheiro ou dos donos do restaurante Brasil ?
De todos, é claro.
Basta dar uma olhada nos campeonatos estaduais em andamento, na pobreza técnica dos primeiros jogos da Copa do Brasil e na desanimação do torcedor em torno dos preparativos da seleção para a Copa América.
Os campeonatos estaduais se tornaram um tédio. Tanto que o torcedor termina as competições regionais sem saber direito do que se trata aquele embaralhado de partidas. Entre clubes com jogadores famosos e outros apenas emocionados por poderem participar do evento.
No final sai um campeão de cada estado, mas ficamos sem saber se assistimos um drama ou uma comédia.
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Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...