Os desafios de Tite e os traumas da seleção brasileira nas Copas do Mundo

Com cinco títulos mundiais e dois vices a seleção brasileira é a mais vitoriosa na história das Copas.
Há menos de três meses para a estreia na Copa da Rússia, o time brasileiro torce pela recuperação de Neymar, a estrela principal da companhia, contando com os demais em boas condições físicas e técnicas.
Em todas as conquistas os treinadores tiveram dúvidas na escalação e enfrentaram problemas com lesões de jogadores importantes.
Em 1958, Pepe, do Santos era o ponteiro esquerdo titular. Lesionou-se em um amistoso realizado na Itália, quinze dias antes da Copa na Suécia, abrindo as portas para Zagallo. Com a entrada do jogador do Botafogo, mudou o esquema tático de Vicente Feola: com o seu estilo de jogo, Zagallo surgiu como terceiro homem na armação, compondo com Zito e Didi. De 4-2-4 o esquema mudou para 4-3-3.
Abriu espaço para o lateral esquerdo Nilton Santos que até gol marcou naquele Mundial.
Em 1962, logo no começo do torneio, Pelé sofreu um estiramento muscular e não se recuperou a tempo.
Aymoré Moreira lançou o jovem Amarildo, do Botafogo que surpreendeu a todos com a sua desenvoltura. Ganhou o apelido de “Possesso”, mas quem brilhou intensamente foi outro botafoguense, o fantástico ponta direita Mané Garrincha.
Em 1970, de novo um botafoguense, Rogério, machucou-se na fase de preparação e o técnico Zagallo promoveu genial arranjo compondo o ataque arrasador na campanha do Tri com Jairzinho, Gérson, Tostão, Pelé e Rivellino. Todos craques.
Na Copa de 1982, Careca, do São Paulo sentiu uma distensão muscular durante treinamento em Sevilha e foi cortado. Em vez de chamar Reinaldo do Galo mineiro, por questões disciplinares, Telê Santana preferiu Serginho, do São Paulo. O avante passou a Copa de 1982 meio perdido entre os requintados Falcão, Cerezzo, Sócrates, Zico e Éder.
Quatro anos depois, Zico foi ao México em recuperação de lesão sofrida num amistoso com o Chile no péssimo gramado do Pinheirão, em Curitiba. Deu no que deu.
Em 1990 a revelação Romário não foi a Itália por causa de problema no tornozelo.
Na conquista do Tetra, em 1994, a seleção perdeu a dupla de zaga titular: Ricardo Rocha e Ricardo Gomes.
Escalados por Parreira, Aldair e Márcio Santos brilharam com grandes atuações. Mas o destaque nos Estados Unidos foi mesmo Romário.
Em 2002, antes de a bola rolar o capitão Emérson machucou-se e Felipão chamou Ricardinho, revelado pelo Paraná Clube. Mas o titular na conquista do Penta foi o atleticano Kléberson compondo o ataque com Ronaldinho Gaucho, Ronaldo Fenômeno e Rivaldo.
Neymar, contundido, ficou fora dos últimos jogos na desastrosa participação da equipe nacional em 2014.
Agora Tite começa a entender as dificuldades que terá pela frente. A ótima campanha nas Eliminatórias sul-americanas foi importante para recuperar o moral de todos. Porém, na Rússia serão outros quinhentos réis.
No amistoso de sexta feira deu para sentir o quanto será complicado furar os sistemas defensivos europeus. A equipe só despertou no segundo tempo e goleou os russos.
Sérvia e Suíça serão assim na Copa.
Tite está no caminho certo, mas é bom lembrar que existem muitas armadilhas até chegar a final em Moscou.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...