Até o provável campeão Corinthians cai na vala comum do Brasileirão
A disparada do Corinthians na liderança não significa que ele esteja apresentado futebol de alto nível.
Antes, pelo contrário, o encontro entre Corinthians e Grêmio, líder e vice-líder da competição, foi, tecnicamente, um dos mais fracos da temporada.
Ora, se aqueles que estão no topo da classificação não conseguem mostrar qualidade técnica e mexer com o torcedor, como esperar bom rendimento da maioria que está mais preocupada em fugir do rebaixamento do que outra coisa ?
Há, com razão, quem torça o nariz para o atual Campeonato Brasileiro, afinal o padrão da maioria das equipes vinha caindo nas últimas temporadas, mas agora parece que arriou de vez.
Raras são as partidas que prendem a atenção do espectador – milhões acompanham pela televisão – do inicio ao fim. Se o torcedor não estiver emocionalmente envolvido com algum dos times em campo, dificilmente deixará de ser tentado a cutucar o controle remoto para ver se está passando alguma coisa mais interessante.
Mesmo que goste sinceramente de futebol, se clicar e cair num jogo da “Champions League” ou assemelhado, a comparação torna-se inevitável em desfavor do produto nacional.
A regularidade do campeonato é a irregularidade da maior parte dos concorrentes.
Até o provável campeão Corinthians mostra lampejos em alguns momentos, para sucumbir logo adiante e cair na vala comum.
Mas e a turma do porão ?
Dez clubes brigam, desesperadamente, para não cair. E nesse robusto bloco à beira de um ataque de nervos o que não falta é clube tradicional, que tem história e muitos títulos importantes, além do forte apelo popular. No entanto, estão mais próximos do abismo do que da glória.
Muitas são as perguntas sobre as razões que levaram o futebol brasileiro ao estágio atual.
É importante lembrar do sucesso da seleção de Tite, que se classificou antecipada e folgadamente para a Copa na Rússia. Então, uma coisa é reconhecer o talento e a capacidade técnica dos craques brasileiros que atuam no exterior; outra, completamente diferente, é a realidade dos jogadores que servem aos nossos times mesclados aos gringos que vieram de outros países vizinhos simplesmente porque não conseguiram embarcar para o rico mercado europeu e asiático.
Estamos contemplando um futebol do que restou por aqui. Some-se a isso a proverbial incompetência dos dirigentes na gestão do futebol, o trabalho deficiente da maioria dos treinadores e, sobretudo, o baixíssimo nível da arbitragem.
Mas, menos mal que, apesar da indigência técnica dos times, o torcedor continua apaixonado e disposto a rir e sofrer com os símbolos e estandartes com as cores da sua preferência.
A maioria vê o jogo apenas com os olhos voltados para o triunfo do seu time de coração e não para a qualidade do espetáculo.
Os puristas, aqueles que cultuam a prática do bom futebol, seguem desanimados.
Até achando que o Real Madrid baixou o padrão nesta temporada…
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...
