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Pequena reunião em família. Parece que andei exagerando numa das festas da semana. A vizinhança, no caso, a família mesmo, reclamou do comportamento um pouco inadequado de uma das mulheres que andou frequentando meu estabelecimento noturno. De fato, ela fez uso peculiar e ostensivo da palavra cachorro.

Domingo é dia de pensar nos desdobramentos da noite de sábado ou na criação dos pecados que a segunda-feira irá pagar – você conhece a anedota do Chico Buarque com o Paulo Vanzolini? Está no processo de composição de Ode aos Ratos. Outra hora conto. Ou nem.

Comecei a ler Big Loira e Outras Histórias de Nova York. Dorothy Parker mita demais. A grande escritora da vida literária norte-americana dos anos 1920 e 1930 sabia como ninguém escrever sobre a própria corrosão emocional, sem esquecer-se do que realmente é importante: divertir-se às custas da ruindade alheia. – ela sabia viver. Acerca de uma interpretação de Katherine Hepburn numa peça: “Ela cobre todo o escopo de emoções – de A a B”.

Farei uma reclamação agora. As corridas de Fórmula 1 não deviam começar tão cedo. Mas é necessário reconhecer que hoje a coisa foi bruta. Quanta confusão e desinteligência, apesar do anticlímax pairando sobre o autódromo por conta da morte de Jules Bianchi. [Esse por conta é feio demais, não?] Enquanto confiro a classificação do campeonato, surge um link na minha timeline: Por que você não deveria namorar um escritor? 2015 é uma cruza do pior do Goethe com o pior do Tinder. E o que você acha de web-seminários?

Antes de almoçar, alguns poemas de Dorothy Parker – ah, essa mulher…

 

[Prometi a mim mesmo que um dia terminaria uma crônica em reticência. Acho importante ter esse marco na carreira. Que carreira?]

 

DE PROFUNDIS

Ah, pois então é utopia

Esperar um homem nesta vida

Que não relate, em suave tom,

Histórias das mulheres com quem deitou?

 

COINCIDÊNCIA INFELIZ

Quando você jurar lhe pertencer,

Arrepiada e tinindo,

E ele jurar seu amor ser

Imortal, infindo –

Moça, é bom escrever:

Um de vocês está mentindo.

 

A FALHA DO PAGANISMO

Beba e dance e ria até anoitecer,

Amor, e toda a madrugada atravesse.

Porque amanhã podemos morrer!

(Mas, ai, isso nunca acontece.)

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