Vontade de reconhecer a vida como um logaritmo de rede social ou um negativo descartado de algum filme B em que um coelho gigante ameaça um celeiro repleto de mim.

CARREGANDO :)

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Saio do trabalho às 19 horas – semana longa – e logo na portaria encontro dois amigos, estáticos, com más intenções. Estão esperando outro amigo da redação. Vamos ao bar. No bar, falamos de mulheres, amores e saudades. Não falamos muito de saudades. Cada qual silencia onde a melhor resolução é o silêncio. Falta-me um grande silêncio.

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23 horas. No biarticulado Pinheirinho-Rui Barbosa, duas moças se beijam nos bancos próximos da porta 5 e uma delas está à beira de um ataque de nervos. Ciúmes. Parece que uma andou escapando à outra e nenhuma prova de amor irá bastar no momento. Ao lado delas, um rapaz com o crachá da Tim no peito, sentado e sem blusa (!), canta Bad Romance a plenos pulmões, fones fixos, mexendo os ombros. Ele está num mundo próprio e nesse mundo próprio não importa muito se os demais passageiros riem dele ou alternam expressões entre a descrença absoluta e ligeiros impulsos de assassinato. Contudo, quando o rapaz chega ao refrão, rola quase um flashmob mental que nos redime e envergonha.

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Chego em casa, ligo o computador e vejo se ela me escreveu. Não escreveu. Conheci-a pessoalmente antes de ontem – ou ontem-ontem, como prefere um amigo –, numa cafeteria do Centro, e tive uma certa despesa emocional para permanecer-me tranquilo e centrado: que moça singular. E como sorri de um modo sem fronteiras. Ela parece-me nova de coração. Chamarei-a para mais um café amanhã.

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Abro a última cerveja da geladeira e sento na mesa da cozinha-escritório. Confiro os e-mails mais urgentes, passo os resultados da rodada do US Open e observo o senso da minha vida nesses últimos dias: ando dormindo pouco, tomando muito café, escrevendo em galões. Quero saber do que essa moça é feita e ver o último jogo da rodada noturna do US Open.

Boa noite, querida.

A noite é um flashmob de você dançando entre coelhos gigantes.